Educação Financeira

O que é um CRA?

Entenda como esse título de investimento ligado ao agronegócio pode ser uma opção para diversificar sua carteira com benefícios fiscais

O que é um CRA / CRA / Certificado de Recebíveis do Agronegócio
Certificado de Recebíveis do Agronegócio é alternativa para diversificação de carteira com benefícios fiscais e exposição ao setor agropecuário | Crédito: Freepik

Nos últimos anos, o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) emergiu como uma alternativa de investimento relevante no cenário financeiro brasileiro. A crescente busca por diversificação de portfólio e por opções que ofereçam rendimentos atrativos tem levado investidores a considerar o CRA como uma forma de participar do desenvolvimento do agronegócio, um dos setores mais dinâmicos e importantes da economia nacional.

Além de proporcionar uma conexão direta com o setor agropecuário, os CRAs oferecem características que os tornam atrativos para diversos perfis de investidores. Com estruturas que podem variar entre prefixadas, pós-fixadas ou híbridas, e a possibilidade de isenção de imposto de renda para pessoas físicas, esses títulos representam uma oportunidade de investimento alinhada tanto com objetivos financeiros quanto com o apoio ao crescimento sustentável do agronegócio brasileiro.

O que é um CRA?

O CRA é um título de crédito emitido por companhias securitizadoras, lastreado em recebíveis originados de negócios entre produtores rurais, cooperativas e terceiros. Os recebíveis incluem financiamentos ou empréstimos ligados à produção, comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos agropecuários.

Ao investir em um CRA, o investidor está, indiretamente, financiando o setor do agronegócio, recebendo em troca uma remuneração acordada no momento da aplicação.

Os CRAs funcionam como títulos de crédito emitidos exclusivamente por companhias securitizadoras, que adquirem direitos creditórios do agronegócio (como dívidas, contratos ou outros recebíveis) e os transformam em títulos negociáveis no mercado.

Qualquer pessoa física ou jurídica pode investir em CRAs, sendo necessário abrir uma conta em uma corretora de valores e ter cadastro na B3. A securitizadora compra os recebíveis de empresas do agronegócio, emite os CRAs correspondentes e os vende aos investidores.

As empresas do agronegócio recebem os recursos captados, e os investidores ganham seus rendimentos periodicamente de acordo com as condições estabelecidas na emissão do título.

Os CRAs costumam ter prazos de vencimento mais longos, que podem chegar até 15 anos. Durante esse período, o investidor recebe os rendimentos conforme as condições estabelecidas no momento da aplicação. É fundamental que o investidor esteja ciente de que o resgate dos recursos aplicados não pode ser feito antes do prazo escolhido, ou seja, este não é um ativo com liquidez.

Quais os riscos de um CRA?

E esse é um dos principais riscos dos CRAs, o risco de liquidez, já que os investidores podem encontrar dificuldades para vender o título antes do seu vencimento caso precisem resgatar o investimento antecipadamente.

Outro ponto de atenção é o risco de crédito, que se refere à possibilidade de inadimplência dos devedores dos recebíveis que servem como lastro para o título.

Além disso, existe o risco de mercado, já que as variações nas taxas de juros e na inflação podem impactar diretamente a rentabilidade do investimento.

Vale ressaltar que os CRAs não possuem a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), diferentemente de outros investimentos mais tradicionais. Esta característica torna ainda mais importante realizar uma análise detalhada e criteriosa antes de decidir pela aplicação, avaliando cuidadosamente a solidez da operação e a capacidade de pagamento dos devedores.

Em compensação, uma característica importante dos CRAs é o regime fiduciário. Isso significa que os recebíveis que lastreiam o CRA são mantidos separados do patrimônio da securitizadora. Em caso de falência da emissora, os detentores dos CRAs têm prioridade no recebimento dos valores devidos, oferecendo uma camada adicional de segurança ao investidor.

Tributação

Uma das principais vantagens dos Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) para pessoas físicas é a isenção de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos. Isso significa que o investidor recebe a rentabilidade integral do título, sem descontos fiscais, o que torna o CRA uma opção atrativa em comparação com outros investimentos de renda fixa que são tributados.

Além da isenção de IR, os CRAs também não estão sujeitos à cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e não possuem taxa de custódia pela B3. Essa combinação de isenções fiscais aumenta a rentabilidade líquida do investimento, beneficiando especialmente aqueles que buscam otimizar seus ganhos em aplicações de longo prazo.

Tipos de CRA

Os CRAs apresentam diferentes estruturas e oferecem opções de rentabilidade que se adaptam aos diversos perfis de investidores:

  • CRA Prefixado: oferece uma taxa de juros fixa definida no momento da aplicação. Ideal para investidores que buscam previsibilidade nos rendimentos.
  • CRA Pós-fixado: a rentabilidade está atrelada a indicadores econômicos, como o CDI, IPCA ou IGP-M. Essa modalidade atende investidores que querem proteger seu poder de compra contra a inflação.
  • CRA Híbrido: combina uma taxa de juros fixa com a variação de um índice, como o IPCA. Essa estrutura oferece uma rentabilidade real, preservando o poder de compra do investidor.

CRAs x outros ativos de renda fixa

Para entender melhor onde o CRA se posiciona no universo dos investimentos, é útil compará-lo com outros produtos de renda fixa:

CaracterísticaCRACRICDBLCA
SetorAgronegócioImobiliárioBancárioAgronegócio
EmissorSecuritizadoraSecuritizadoraBancoBanco
Garantia FGCNãoNãoSimSim
Isenção de IRSimSimNãoSim
RentabilidadeMédia a altaMédia a altaBaixa a médiaMédia
LiquidezBaixaBaixaAltaMédia

Vale a pena investir em CRA?

Investir em CRA pode ser uma excelente opção para investidores que buscam diversificar sua carteira e obter rendimentos atrativos, especialmente devido à isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas. No entanto, é fundamental que o investidor esteja ciente dos riscos envolvidos, como a baixa liquidez e o risco de crédito, e esteja disposto a manter o investimento até o vencimento.

Esse tipo de investimento é mais indicado para investidores com perfil moderado a arrojado, que possuem um bom entendimento do mercado financeiro e estão dispostos a assumir riscos em busca de maiores retornos. Além disso, é importante que o investidor tenha um horizonte de investimento de médio a longo prazo e não necessite de liquidez imediata.