Você já se perguntou como uma empresa faz para começar a vender ações na bolsa? Bem, este é um processo longo que exige muita preparação e planejamento, chamado de IPO. A empresa precisa se adequar a diversos requisitos legais e de governança antes de dar este importante passo.
Este processo, do inglês Initial Public Offering, ou, em português, Oferta Pública Inicial permite que uma empresa privada se torne uma companhia aberta, passando a ter suas ações negociadas no mercado de capitais, como a B3 no Brasil ou a NYSE, nos EUA.
O que é IPO e como ele funciona
IPO significa Initial Public Offering (Oferta Pública Inicial, em português) e representa o momento em que uma empresa decide abrir seu capital na bolsa de valores pela primeira vez. Em outras palavras, é quando uma empresa privada se transforma em uma companhia aberta.
A empresa emite suas primeiras ações e as vende ao público. Assim, qualquer investidor pode se tornar sócio da companhia ao comprar uma parte dessas ações.
Para fazer um IPO, a empresa precisa atender a diversos requisitos estabelecidos pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pela B3, a bolsa de valores brasileira. Isto inclui ter demonstrações financeiras auditadas, boas práticas de governança corporativa e transparência nas informações.
O preço inicial das ações é definido após um estudo detalhado do mercado e da própria empresa, bem como do interesse demonstrado pelos investidores durante o período de reservas.
Por que uma empresa decide fazer um IPO
Uma das principais razões para uma empresa fazer um IPO é a captação de recursos financeiros. Através da venda de ações ao público, a empresa consegue levantar capital significativo para financiar seus planos de expansão, desenvolver novos projetos, realizar aquisições estratégicas ou mesmo reduzir seu nível de endividamento. Esta forma de financiamento tem a vantagem de não gerar dívidas, já que o capital é obtido através da venda de participação na empresa.
Outro benefício importante é o aumento da visibilidade e credibilidade da empresa no mercado. Ao se tornar uma companhia aberta, a empresa passa a ter maior exposição na mídia, atrai mais atenção de analistas e investidores, e geralmente experimenta um fortalecimento de sua marca. Esta maior visibilidade pode resultar em novas oportunidades de negócios e parcerias.
O processo também oferece uma oportunidade de liquidez para os acionistas iniciais da empresa. Dessa maneira, fundadores, investidores-anjo e fundos de venture capital que investiram nos estágios iniciais da companhia podem monetizar parte de suas participações, realizando os ganhos de seus investimentos.
Além disso, ao se tornar uma empresa listada em bolsa, a companhia ganha acesso a futuras captações de recursos através do mercado de capitais, seja por meio de novas emissões de ações ou outros instrumentos financeiros. Isso proporciona maior flexibilidade financeira e mais opções de financiamento para o crescimento futuro do negócio.
Passo a passo de um IPO
O processo de realização de um IPO envolve as seguintes etapas:
- Preparação interna: a empresa precisa organizar sua governança corporativa, demonstrações financeiras e processos internos.
- Contratação de coordenadores: bancos de investimento são contratados para estruturar e coordenar a oferta.
- Due diligence: análise detalhada da empresa, incluindo aspectos financeiros, jurídicos e operacionais.
- Registro na CVM: solicitação de registro como companhia aberta e autorização para realizar a oferta pública.
- Elaboração do prospecto: documento com todas as informações relevantes sobre a empresa e a oferta.
- Período de silêncio: fase em que a empresa fica impedida de fazer declarações públicas sobre a oferta.
- Bookbuilding: processo de definição do preço das ações com base no interesse dos investidores.
- Período de reservas: momento em que os investidores podem reservar suas ações.
- Precificação final: definição do preço definitivo das ações.
- Início das negociações: primeiro dia de negociação das ações na bolsa de valores.
Exemplos de IPOs de sucesso
Várias gigantes do mercado passaram pelo processo de IPO. Um dos casos mais famosos no Brasil foi o do Nubank, em 2021. O banco digital conseguiu captar bilhões de reais e se tornou uma das maiores instituições financeiras do país em valor de mercado.
Outro caso foi o IPO da Rede D’Or, maior rede de hospitais privados do Brasil. A empresa captou recursos para expandir suas operações e modernizar suas unidades.
Em terceiro lugar, a Magazine Luiza também é um exemplo de sucesso. Desde seu IPO em 2011, a empresa se transformou em uma das principais varejistas do país, com forte presença no comércio eletrônico.
Internacionalmente, o Facebook (hoje Meta), em 2012, levantou US$ 16 bilhões e se tornou, na época, um dos maiores IPOs da história da tecnologia.
Outros tipos de ofertas públicas
Além do IPO tradicional, existe o Follow-on, também conhecido como oferta subsequente. Diferente do IPO, que marca a primeira venda de ações ao público, o Follow-on ocorre quando uma empresa já listada na bolsa decide emitir novas ações para captar mais recursos ou quando acionistas existentes querem vender parte de suas participações.
Já as SPACs (Special Purpose Acquisition Companies) representam um modelo alternativo de oferta pública. São empresas criadas especificamente para captar recursos via IPO com o objetivo de adquirir outras empresas posteriormente.
Ao contrário do IPO tradicional, onde os investidores conhecem a empresa em que estão investindo, nas SPACs eles confiam seu dinheiro sem saber qual empresa será comprada, por isso são chamadas de “empresas cheque em branco”. Este modelo oferece um caminho mais ágil para empresas menores ou startups chegarem à bolsa através de uma fusão com a SPAC.
Como investir e ganhar dinheiro com IPOs
Para participar de um IPO, você precisa ter conta em uma corretora de valores. Durante o período de reservas, você pode manifestar interesse em comprar as ações pelo preço estabelecido.
O valor mínimo para participar de um IPO varia de acordo com cada oferta, mas geralmente fica entre R$ 1.000 e R$ 5.000. Esse valor mínimo mais alto ajuda a garantir que os investidores tenham capacidade financeira adequada, simplifica a distribuição das ações e contribui para uma base mais estável de acionistas.
Uma estratégia comum é analisar o setor da empresa, suas vantagens competitivas e perspectivas de crescimento antes de investir. Além disso, é fundamental diversificar seus investimentos e não aplicar todo seu capital em IPOs, porque, como todos os outros investimentos, eles também podem causar prejuízos.
Pontos positivos e negativos dos IPOs
Os IPOs oferecem a vantagem de investir em empresas com alto potencial de crescimento desde o início de sua jornada na bolsa, além da possibilidade de diversificação da carteira com novos setores e empresas.
No entanto, como mencionado anteriormente, ainda existe o risco de prejuízos. O primeiro deles, a quantidade limitada de informações históricas disponíveis sobre a empresa, já que ela está apenas começando sua trajetória na bolsa. Além disso, a volatilidade inicial das ações, que podem sofrer oscilações significativas nos primeiros meses de negociação. Em terceiro lugar, o risco de supervalorização inicial, onde o preço das ações pode estar inflado devido ao entusiasmo do mercado, levando a possíveis quedas posteriores.
Como eu sei que um IPO deu certo?
Não existe uma fórmula única para determinar se um IPO foi bem-sucedido, já que isso depende dos objetivos específicos de cada empresa. Para algumas, o sucesso pode ser medido pela quantidade de capital levantado, enquanto para outras pode ser a valorização das ações no mercado secundário ou até mesmo a maior visibilidade alcançada no mercado.
O mais importante é que a empresa consiga utilizar os recursos captados de forma eficiente. Seja para executar seu plano de negócios ou criar valor para seus acionistas no longo prazo. Como resultado, um IPO bem-sucedido é aquele que permite à empresa atingir seus objetivos estratégicos, seja expandindo operações, reduzindo dívidas ou investindo em inovação.
Por fim, para o investidor, um IPO pode ser considerado bem-sucedido quando gera retornos consistentes ao longo do tempo. Quando a ação não apenas se valorizou após a estreia na bolsa, mas manteve uma trajetória de crescimento sustentável, acompanhada de bons resultados operacionais da empresa, distribuição de dividendos e uma gestão transparente.