Emocionante jornada de Gustavo Carneiro nas Paralimpíadas 2024: "Lembrei de Guga, de Nadal"

A conquista de um sonho: Gustavo Carneiro nas Paralimpíadas 2024

O tenista em cadeira de rodas Gustavo Carneiro viveu momentos inesquecíveis durante as Paralimpíadas de Paris 2024. Em sua segunda participação no maior evento esportivo paralímpico, o atleta brasileiro teve a oportunidade de jogar em uma das quadras mais emblemáticas do tênis mundial: a Philippe Chatrier, em Roland Garros. Carneiro, que é atleta do Praia Clube, participou do torneio de duplas ao lado de Daniel Rodrigues, e juntos chegaram até as quartas de final, em um percurso cheio de desafios e vitórias.

As vitórias e o grande palco

A campanha de Carneiro e Rodrigues começou com vitórias expressivas sobre as duplas da Austrália e do Japão. Cada partida representava uma nova etapa rumo ao sonho de avançar no torneio, até que eles garantiram a vaga nas quartas de final, onde enfrentaram os franceses Frederic Cattaneo e Stephane Houdet, nomes de peso no tênis em cadeira de rodas.

Foi nessa fase que Gustavo Carneiro teve a chance de jogar na quadra Philippe Chatrier, palco dos grandes campeões do esporte. Ao descrever o momento, o atleta não escondeu a emoção de estar no mesmo local onde grandes nomes do tênis, como Gustavo Kuerten e Rafael Nadal, escreveram suas histórias.

“É indescritível. Quando eu entrei em Roland Garros e vi a Phillipe Chartrier lotada, começou a passar um filme na minha cabeça. Primeiro, um filme meu, de lembrar que há sete anos eu estava amputando a perna e agora eu estava disputando quartas-de-final em Roland Garros na Phillipe Chartrier. Lembrei de Guga, Nadal, de todos aqueles jogadores que passaram por ali,” relembra Carneiro.

Superação e determinação: o caminho até Roland Garros

A trajetória de Gustavo Carneiro no esporte é marcada pela superação. O tenista, que joga desde criança, enfrentou um dos maiores desafios de sua vida em 2013, quando foi diagnosticado com um lipossarcoma, um tipo raro de câncer. A doença exigiu a amputação de sua perna acima do joelho, já que não era possível preservar os nervos.

Mesmo com essa grande mudança em sua vida, Carneiro não desistiu do tênis, esporte que sempre amou. No início de 2018, ao descobrir que era possível praticar tênis em cadeira de rodas, ele tomou a decisão de voltar às quadras. Foi o começo de uma nova fase em sua carreira, que o levaria a conquistas significativas, como 17 títulos e uma medalha de prata nos Jogos Parapanamericanos de Santiago, em 2023.

“Quando eu entrei na quadra, me deu uma paz. Eu pensei que lutei tanto para estar aqui, eu vou curtir e fazer o meu melhor. Foi incrível. vai ficar o resto da minha vida na minha lembrança”, contou o atleta ao relembrar a sensação de jogar em Roland Garros.

O duelo contra a dupla francesa

Na quadra Philippe Chatrier, Carneiro e Daniel Rodrigues enfrentaram uma torcida vibrante, que apoiava em peso os tenistas franceses Cattaneo e Houdet. Apesar da pressão, a dupla brasileira entrou em quadra determinada a dar o melhor de si. No entanto, o placar final não foi favorável para o Brasil. Com a derrota por 2 sets a 0, Gustavo e Daniel se despediram do torneio de duplas.

Mesmo com a eliminação, o sentimento de satisfação era evidente em Gustavo Carneiro. O fato de ter jogado em Roland Garros, superando inúmeros obstáculos pessoais e profissionais ao longo dos anos, tornou a experiência inesquecível.

“Saio muito feliz. Na minha categoria em simples, são 48 tenistas, é muito difícil andar na chave. Perdi no detalhe no primeiro jogo, poderia ter ganhado. E na dupla, eu e Daniel surpreendemos, ganhamos da Austrália e do Japão, que era franco-favorito,” refletiu Carneiro.