Por Agência EY – Programas e políticas de diversidade, equidade e inclusão estão na pauta das empresas que estão mais atentas, no momento de contratações, a temas como gênero, orientação sexual, raça e deficiência. Mas um grupo social relevante ainda precisa fazer parte desta discussão: o de pessoas neurodivergentes.
Estes profissionais podem trazer novas visões e habilidades que contribuam para a inovação das corporações. Segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas), estima-se que somente 20% dos portadores de neurodiversidade estão empregados no mundo.
“A presença desses profissionais nas empresas traz novas perspectivas sobre os desafios que geram criatividade e inovação. Como consequência,maior retorno aos negócios”, explica Djalma Scartezini, vice-presidente do EY Institute e gerente sênior para Diversidade e Inclusão no Brasil e América do Sul.
Neurodiversidade se refere às variações naturais no cérebro humano de cada indivíduo em relação à sociabilidade, aprendizagem, atenção, humor e outras funções cognitivas.
Além do Transtorno do Espectro Autista (TEA), abrange condições como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dislexia e dispraxia. Alguns especialistas também incluem no rol distúrbios psiquiátricos, como o transtorno bipolar.
Levantamento do centro de pesquisas britânico CIPD (Instituto Oficial de Pessoal e Desenvolvimento), de 2018, mostra que 10% da população mundial se enquadra na categoria de neurodivergente. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, há 2 milhões de pessoas nestas condições.
Leia a seguir entrevista com Djalma Scartezini. O consultor fala sobre a importância de empregar neurodiversos, como devem ser os processos de recrutamento e como eles devem se preparar para o mercado de trabalho.
Como as empresas encaram a neurodivesidade?
A neurodiversidade é um tema que tem entrado na pauta nas empresas no Brasil, mais fortemente nos últimos cinco anos, com o advento de programas de inclusão de profissionais com TEA (Transtorno do Espectro Autista) e com grande sucesso com profissionais em bancos, telecom e serviços.
Por que é importante ter neurodiversidade nas empresas?
A presença de profissionais neurodiversos traz novas perspectivas sobre os desafios que geram criatividade e inovação. Como consequência, traz maior retorno aos negócios.
Além de ser o correto a se fazer, times diversos mostram aumento de produtividade, senso de pertencimento e retenção de profissionais.
Os processos de recrutamento das empresas para a inclusão de neurodiversos precisam ser diferentes?
Pessoas neurodiversas, em geral, apresentam maior dificuldade de interação social e relacionamentos.
Por esse motivo, um processo de seleção pode ser muito estressante, com candidatos que não conseguem mostrar seu potencial e recrutadores que não conseguem capturar esses potenciais para a posição.
Temos visto como boa prática de mercado, processos mais hands on, no qual eles colocam a mão na massa e realizam uma tarefa para provar suas habilidades, como um hackathon (dinâmica competitiva usada em empresas para aguçar a criatividade da equipe de colaboradores de uma maneira mais desafiadora e divertida),por exemplo.
Como as empresas precisam se preparar para receber neurodiversos e como integrá-los às equipes?
Devemos nos preparar com workshops e conteúdos sobre neurodiversidade, sabendo que existirá um período maior de adaptação. Teremos de cuidar da forma como nos comunicamos, por exemplo.
Existe uma metodologia, chamada Emprego Apoiado, com um time multidisciplinar que acompanha o candidato e ostimespor até 1ano,para que essa adaptação ocorra de forma tranquila para ambos os lados.
E os neurodiversos? Como devem se preparar para o mercado de trabalho?
Aqui as dicas estão no desenvolvimento de habilidades interpessoais, especialmentena comunicaçãode forma assertiva sobre o que é capaz de fazer e quer realizar.