O Banco Central (BC) anunciou, no começo da noite desta quarta-feira (17), que elevará a taxa básica de juros brasileira, a Selic, em 0,75 p.p (pontos percentuais), para 2,75% ao ano. A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi unânime e marcou a primeira alta da taxa nos últimos seis anos.
"Na avaliação do Comitê, uma estratégia de ajuste mais célere do grau de estímulo tem como benefício reduzir a probabilidade de não cumprimento da meta para a inflação deste ano, assim como manter a ancoragem das expectativas para horizontes mais longos. Além disso, o amplo conjunto de informações disponíveis para o Copom sugere que essa estratégia é compatível com o cumprimento da meta em 2022, mesmo em um cenário de aumento temporário do isolamento social", disse o banco em nota à imprensa.
Segundo o BC, apesar de sinais alertarem para a recuperação de economia, o cenário a longo prazo ainda se mantém incerto, por conta do recenete aumento dos casos de covid-19 no Brasil.
"Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o primeiro e segundo trimestres deste ano", disseram.
Para o economista-Chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, o Banco Central não deve ficar "refém" da curva de juros, que deve iniciar um novo ciclo de alta. De acordo com ele, a decisão pode ajudar a "amornar a elevada temperatura política".
"Da mesma forma, como vem fazendo nos últimos encontros, [o BC] salientou a necessidade de retomarmos as reformas e o ajuste fiscal, condição essencial para ancorarmos as expectativas de inflação e não elevarmos as taxas de juros estruturais", afirma.
Para o diretor de Investimentos do Paraná Banco, André Malucelli, a elevação poderá ser uma tendência para as próximas reuniões: “O Banco Central deve continuar aumentando gradativamente a taxa e encerrar o ano próximo a 4,25%”.
Desde julho de 2015, quando passou de 13,75% para 14,25%, a Selic iniciou um ciclo de manutenções e quedas que culminou na mínima histórica em agosto de 2020. O economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, concorda que esse período de descida chegou ao fim e vê a taxa em 4% ao final de 2021.
Inflação pode explicar a alta
A pressão inflacionária brasileira é uma das principais responsáveis pela elevação da Selic, segundo uma análise do Banco Inter. O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial da inflação no Brasil, acumula avanço de 5,2% em 12 meses.
Considerando que a volta do auxílio emergencial elevará as perspectivas de recuperação econômica a partir do segundo trimestre e as sucessivas altas nos preços dos combustíveis, a financeira revisou sua projeção da inflação para 4,75% ao final de 2021.
Neste cenário, o Banco Inter também acredita que o Copom indicará uma manutenção do ritmo de alta nas próximas reuniões e, portanto, elevou sua projeção da taxa para 4,5% ao fim de 2021. A meta de 2022 foi mantida em 5,5%.