
Teve início nesta segunda-feira (11), na China, a COP 15 de Biodiversidade, que contará com delegações dos países membro das Nações Unidas, incluindo o Brasil.
Durante o encontro, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds) apresentará um estudo inédito denominado “Compromisso Empresarial pela Biodiversidade: como as Empresas brasileiras vêm contribuindo para as metas globais de biodiversidade”.
O documento aborda questões cruciais na tentativa de evitar o colapso de ecossistemas, a extinção de espécies, além de fomentar uma mobilização no sentido de garantir maior segurança alimentar.
De acordo com Marina Grossi, presidente do Cebds, a COP 15 promete ser para a Biodiversidade o que foi o Acordo de Paris para as Mudanças Climáticas. Na prática, será assinado um novo acordo entre os 195 países signatários do chamado Marco Global de Biodiversidade Pós 2020.
"Sairá dessa conferência a definição de métricas para apurar perda, recuperação da biodiversidade e dos habitats em que as espécies vivem. Até hoje existe uma grande dificuldade em medir e calcular o valor financeiro dos impactos. Outro objetivo é a definição de metas para restauração e conservação dos ecossistemas", afirma Marina.
Para ela, o Brasil, dono da maior biodiversidade do planeta, precisa ter voz ativa nessas negociações. Com o objetivo de colaborar com esse protagonismo, o Compromisso Empresarial Brasileiro para a Biodiversidade, proposto pelo Cebds, busca alinhar as estratégias do setor empresarial aos planos estratégicos nos âmbitos internacional e nacional, de maneira a contribuir com seus objetivos e metas.
Marina destaca que a adesão das empresas foi representativa com relação a todas as metas do Compromisso. Assinam o documento doze das maiores companhias do país: Anglo American; Bayer; Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – Eletrobras; Furnas Centrais Elétricas S. A.; Grupo Boticário; Grupo Sabará; Natura; Neoenergia S.A.; Philip Morris International; Suzano S.A.; Vale; e Votorantim Cimentos.
Conheça os quatro objetivos estratégicos que direcionarão as metas de ação do novo Marco Global de Biodiversidade Pós-2020
1. Melhoria na integridade de todos os ecossistemas naturais, prevendo um aumento mínimo de 15% na área, conectividade e integridade dos ecossistemas naturais, sustentando populações saudáveis e resilientes de todas as espécies; redução da taxa de extinções em pelo menos 10 vezes, e redução pela metade do risco de extinção de espécies de todos os grupos taxonômicos; proteção da diversidade genética de espécies selvagens e domesticadas mantendo um mínimo de 90% de diversidade genética entre todas as espécies;
2. Valorização, manutenção e aprimoramento das contribuições da natureza para as pessoas através da conservação e uso sustentável de seus recursos, apoiando a agenda global de desenvolvimento para o benefício de todos;
3. Compartilhamento de forma justa e equitativa dos benefícios oriundos do uso de recursos genéticos, com aumento significativo tanto dos benefícios monetários quanto não-monetários compartilhados, incluindo para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade;
4. Fechamento da lacuna entre os meios de financiamento e outros meios de implementação disponíveis, e os meios necessários para alcançar a Visão 2050 (relatório que serve de bússola para o desenvolvimento sustentável nos próximos anos).
Confira as 9 metas do Setor Empresarial Brasileiro alinhadas aos 4 objetivos internacionais
1. Inserir o tema de biodiversidade na estratégia de negócios da empresa;
2. Aplicar a hierarquia da mitigação, prevenir, mitigar, recuperar e compensar impactos à biodiversidade, ao longo do ciclo de vida dos empreendimentos;
3. Promover e fortalecer melhores práticas que favoreçam o uso racional dos recursos da biodiversidade;
4. Desenvolver e incentivar estudos, projetos de pesquisa, tecnologia e inovação, que contribuam para a conservação da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos;
5. Conhecer a diversidade biológica das áreas de atuação da empresa e, sempre que possível, monitorar e mensurar impactos e dependências;
6. Disponibilizar publicamente as informações levantadas, de forma a colaborar com a gestão da biodiversidade da região e dar transparência a essas informações junto à sociedade;
7. Disseminar conhecimentos relacionados à biodiversidade e aos serviços ecossistêmicos no âmbito de suas atividades e cadeia de valor;
8. Potencializar ações de conservação e recuperação nas regiões onde a empresa está inserida, buscando um impacto líquido positivo em biodiversidade;
9. Engajar as comunidades localizadas nas regiões de atuação da empresa de forma a fortalecer o seu envolvimento com a conservação da biodiversidade e manutenção dos serviços ecossistêmicos.