Por Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Após a divulgação dos dados de inflação brasileira na última quinta-feira (09), o mercado aguarda a definição da taxa de juros básica da economia, a Selic, que será definida ao fim da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, realizada na terça (14) e na quarta-feira (15).
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A expectativa é de um aumento de 0,5 p.p., elevando a Selic para 13,25%.
O Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34) acredita que autoridade monetária brasileira deve desacelerar o ritmo de alta para 0,5 ponto percentual.
“Essa desaceleração estaria em linha com o que o BC insinuou na comunicação após a reunião anterior. Apesar dos sinais de que o pico da inflação cheia ficou para trás – em 12,1% em abril – o recente indicador evidenciou um índice de difusão de várias décadas e alta frequência. As pesquisas de preços estão sugerindo que a inflação anual permanecerá em um patamar elevado nos próximos quatro meses”, detalha o relatório, que também destaca uma crise de curto prazo de deterioração dos preços do petróleo e alguns sinais de derrapagem fiscal.
Guilherme Abbud, sócio da gestora Persevera, concorda com a visão de que o aumento deve ser dessa magnitude.
“Poderia até ser de 0,25 p.p., mas acho mais provável que a Selic vá para 13,25. E acho que essa deve ser a última alta. O que o Banco Central faz hoje impacta somente lá na frente. É claro que o brasileiro tem cicatrizes muito grandes da inflação, mas me parece que o Banco Central acha que já fez muito ou mais do que o suficiente”, afirma Abbud, que traz como argumentos para essa visão uma consolidação fiscal, câmbio apreciando, a demora no efeito dos juros e políticas monetárias mais restritivas mundo afora.
Para Rodrigo Leite, professor de finanças e controle gerencial do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (COPPEAD), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o Brasil está muito próximo do fim do ciclo de aperto monetário.
"O que não está claro é que se haverá um aumento ou não. Com certeza estamos próximos ao fim. No último comunicado, tínhamos certeza de que haveria um novo aumento, agora, essa certeza diminui com os dados positivos da inflação".
A expectativa de Leite é que ela fique dentro de intervalo de 8,5% e 11% até o final do ano. Para Selic, entre 13% e 13,5%. Para 2023, Selic entre 9 e 10% e IPCA dentro da meta- entre 6% e 9%.
Marcela Rocha, economista-chefe da Claritas, acredita que o alívio recente na inflação não é o suficiente para que o Copom pare de subir a taxa de juros.
“Nossa expectativa é de que o BC suba novamente a taxa na próxima quarta-feira. A diferença para esta próxima reunião é que, com a inflação um pouco abaixo do esperado na última prévia, e todo aumento que já foi realizado da taxa básica de juros desde o início do ano passado, o Copom terá espaço para reduzir o ritmo de aumento que vinha aplicando”. ]
A Claritas também acredita em um aumento de 0,50 pp, levando a Selic para 13,25%.
“O Copom já tinha indicado a intenção de fazer um ajuste de menor magnitude nas últimas comunicações. E o número de ontem reforça essa confiança do BC para que esse ritmo de subida caia”, completa.
Impacto dos juros
O ciclo de alta nos juros, uma política monetária restritiva, visando controlar a escalada inflacionária, teve início em março de 2021, quando a Selic passou da mínima histórica, de 2%, para 2,75%.
No entanto, a inflação brasileira já passa de dois dígitos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,47% em maio, abaixo da previsão de 0,60%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No mês anterior, atingiu 1,06%. Já o IPCA anual acumulou alta de 11,73%, abaixo da expectativa do mercado de 11,84% e dos 12,13% apresentados anteriormente.
Segundo o Boletim Focus, divulgado no dia 06, a previsão para a Selic no fim de 2022 segue em 13,25%, enquanto os analistas consultados pelo BC estimam um IPCA de 8,89% no mesmo período.
Julia Braga, professora de economia da Universidade Federal Fluminense, acredita que o crédito ainda não sentiu o impacto do aumento dos juros.
"Até porque a taxa de juros ex-post ainda está em patamar historicamente baixo, mas isso pode começar a acontecer nos próximos meses e acabar que o tomador de crédito sinta pressão nos juros. O custo do crédito ainda está historicamente muito baixo, porque precisa descontar o efeito da inflação", reforça.
Em relação aos impactos do aperto monetário para o Produto Interno Bruto (PIB), a professora lembra que o Brasil vem sendo beneficiado pelo aumento dos preços das commodities, dinamizando outros setores correlacionados.