O Nubank (ROXO34) superou as expectativas em termos de lucro líquido no terceiro trimestre, mas o desempenho no geral deixou sinais de desaceleração que podem impactar o futuro da fintech, segundo análise do BTG Pactual.
Em reação a um destino duvidoso, as ações ROXO34 operam em queda nesta quinta-feira (14). Por volta das 11:30, os papéis caiam 9,87% a R$ 13,88.
O banco digital, que se tornou um dos maiores sucessos do setor financeiro brasileiro, reportou um lucro líquido de U$ 553 milhões, um aumento de 14% em relação ao trimestre anterior e impressionantes 83% comparado ao ano passado.
Porém, o crescimento da receita foi mais modesto do que o esperado, refletindo um enfraquecimento da Margem de Juros Líquidos (NIM), e uma desaceleração nas adições de clientes, especialmente em algumas de suas operações internacionais.
Apesar de um crescimento robusto na base de clientes — agora com 110 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia —, o ritmo de expansão está desacelerando, com destaque para a redução no número de clientes ativos usando produtos como o PIX e os financiamentos com cartões de crédito.
Além disso, o banco conseguiu controlar seus custos e reduzir suas provisões para crédito, o que ajudou a suavizar os impactos de um aumento nos gastos com juros.
Um dos pontos que mais chamou atenção na análise do BTG Pactual foi a diminuição na taxa de inadimplência de curto prazo (NPLs), que proporcionou um alívio nas provisões de crédito, ajudando a impulsionar o lucro.
Contudo, o aumento nas despesas financeiras e os altos custos com depósitos fizeram com que o NIM ajustado pelo risco ficasse aquém das expectativas, sugerindo que o Nubank pode estar chegando perto do limite de sua capacidade de expansão no mercado brasileiro, onde já conquistou grande parte de sua base de clientes.
Futuro da Nubank
Por outro lado, o BTG avalia que o Nubank continua investindo fortemente em sua operação internacional, especialmente no México e na Colômbia, onde a base de clientes cresce de forma acelerada.
No entanto, a análise aponta que esses mercados, embora promissores, ainda representam uma fatia menor do total de negócios da fintech.
Isso levanta a questão de como o Nubank lidará com a desaceleração nos produtos principais no Brasil, como contas correntes e cartões de crédito, e se as novas iniciativas, como o segmento de alta renda Ultravioleta e a plataforma de mercado monetário, serão suficientes para compensar essa desaceleração.
Com um crescimento de 88% no valor das ações no ano, o BTG Pactual aponta que as expectativas em torno do Nubank podem ter ficado altas demais. O banco digital, que se posiciona como uma revolução no setor bancário, pode estar enfrentando uma “decadência” na velocidade de expansão, especialmente em um cenário macroeconômico desafiador no Brasil, com a inflação em alta e o real mais fraco.
Recomendação do BTG Pactual para as ações do Nubank
Sobretudo, o BTG mantém uma avaliação neutra sobre o papel da fintech, apesar de reconhecer o potencial de longo prazo da empresa.
O banco sinaliza que o mercado deve ser cauteloso ao avaliar a fintech a um múltiplo elevado, já que o espaço para grandes surpresas positivas parece estar se estreitando.