Embora a notícia de que a AES (AESB3) pode deixar o Brasil tenha pego alguns de surpresa, o mercado já esperava algum tipo de movimentação da empresa para conter o endividamento elevado, afirmou o analista da Empiricus Research, Ruy Hungria.
Segundo ele, a venda pode ser uma alternativa interessante para a AES Corporation controlar a alavancagem, que também é elevada, e investir em novas fontes de geração.
O analista lembra que o histórico das ações AESB3 não é positivo.
“É uma companhia que ficou muito atrás do Ibovespa e de outras várias do setor. De certa forma, pode ser um passo da AES Corp. em assumir que não consegue gerar valor com o ativo e investir os recursos onde ela conhece o regulatório, tem maior controle sobre as coisas e o custo da dívida não é tão alto como no Brasil”, destaca.
Hungria analisa que apesar da necessidade da companhia, o momento pode não ser o melhor para vender ativos de geração, que são precificados com base no preço da energia. Ultimamente, vários fatores têm pesado sobre a commodity e os preços estão muito abaixo na comparação com os últimos anos.
“Pode até ser que ela consiga vender ativos que tenham energia contratada por bons preços, mas aqui entramos em um outro ponto: alguns ativos importantes da AES Brasil tem prazo de concessão para vencer em até 10 anos, prazo curto para o segmento de utilities. Muitas coisas apontam para preços não tão bons de venda”, afirma.
A AES Brasil vai deixar de existir ou se tornar uma nova empresa?
Para o analista, ainda é cedo para cravar a resposta dessa pergunta, mas ele avalia que o cenário base é o fechamento de capital da companhia.
Neste caso, os acionistas não sairão prejudicados. “O investidor recebe o dinheiro dessa venda, isso vai para o preço da ação”.
No entanto, outros cenários não estão descartados, já que existem poucas informações a respeito.
“Pode ser, por exemplo, que uma outra empresa se interesse por todos os ativos e aí eventualmente ocorreria uma aquisição. Ao invés de fechar capital, viraria outra empresa com outro controlador, ainda com ações negociadas. Tem muitos cenários possíveis”, considera Hungria.
De qualquer forma, o analista da Empiricus recomenda acompanhar a situação da AES Brasil longe das ações.
Dos nomes do segmento de geração na B3, a preferência de Ruy Hungria são os papéis da Eletrobras (ELET3)(ELET6).
“É uma companhia que tem muitas melhorias pela frente depois que foi privatizada e que tende a gerar valor num prazo maior”, conclui.