Ao passo de que a pandemia caminha para o fim, a educação digital deve continuar cada vez mais forte. Essa avaliação foi feita pela XP, que acredita que as empresas de educação apresentarão resultados neutros referentes ao quarto trimestre do ano passado.
Isso porque que os trimestres pares geralmente não possuem eventos significativos, uma vez que os números de captação tendem a ser pequenos ou até inexistentes em alguns segmentos.
O relatório da XP destaca que os efeitos da pandemia de Covid-19 parecem não ser mais uma preocupação para o setor de educação, uma vez que as aulas presenciais foram retomadas, com algumas restrições e exceções, ainda no terceiro trimestre e as empresas já se preparam para um cenário normalizado.
Apesar de a XP não esperar que esta temporada de resultados mova os preços, analistas destacam a Ser (SEER3) como aquela que deve apresentar resultados ligeiramente positivos, e a Cogna (COGN3) do lado negativo – de acordo com a tendência dos últimos trimestres.
Veja como a XP projeta o desempenho dos papéis de Cogna (COGN3), Ser (SEER3) e também de Ânima (ANIM3) e Yduqs (YDUQ3).
Ânima
A XP projeta resultados neutros no quarto trimestre para a Ânima, com forte crescimento de receita, mas baixa margem EBITDA, típico da empresa no quarto trimestre.
Espera-se que as receitas cresçam 116% a/a, devido principalmente à aquisição da Laureate, concluída no segundo trimestre.
Na margem EBITDA ajustada, projeta-se 1,1 p.p. de expansão a/a à medida que as sinergias da aquisição já começaram a ser capturadas.
Por fim, espera-se que a empresa registre um prejuízo líquido ajustado de R$ 99 milhões devido ao grande montante de dívida que a empresa possui no balanço e alta de taxas de juros.
A XP recomenda compra para as ações da Ânima, com preço-alvo de R$ 15,00.
Cogna
A XP estima resultados negativos para o quarto trimestre da Cogna e vê a receita cair 6% a/a, uma vez que a Kroton – unidade de negócios de ensino superior – passou por uma grande reestruturação e agora está com um número menor de unidades.
Por outro lado, a XP destaca que a Vasta – unidade de negócios de ensino fundamental – recentemente registrou um ACV (valor anual do contrato) de R$ 1 bilhão para o ciclo de 2022, que pode traduzir-se em um crescimento de receita de 35% em relação ao ciclo de 2021 (+ 22% organicamente).
Parte do ACV fora reconhecida no primeiro trimestre do ciclo (4T), e assim deve compensar parcialmente a queda de receita da Kroton, diz a XP.
Analistas anteveem um EBITDA ajustado em 26,7% (+32,8 p.p. A/A), uma vez que o crescimento da Vasta promove a alavancagem operacional e a Kroton deixa de arcar com o ônus do redimensionamento das operações.
E, por fim, esperam que o lucro líquido ajustado ainda seja negativo e fortemente afetado pelas despesas financeiras líquidas, dado o alto endividamento da empresa.
A XP possui recomendação neutra para Cogna, com preço-alvo de R$ 5,10.
Ser
A XP afirma esperar que a Ser apresente resultados ligeiramente positivos no quarto trimestre, com forte crescimento de receita e margens um pouco comprimidas.
Analistas projetam que as receitas aumentem 14% a/a, impulsionadas por uma forte temporada de captação no segundo semestre e por aquisições feitas nos doze meses anteriores.
A XP espera uma redução de 1,3 p.p A/A na margem EBITDA ajustada, para 21,7%, uma vez que a empresa tem aumentado gastos para permitir um maior crescimento futuro.
E espera um lucro líquido ajustado de R$ 24 milhões, com algum efeito do resultado financeiro, porém notamos que a Ser se posiciona como a empresa com menor alavancagem do setor, o que deve mudar ainda no primeiro trimestre com a conclusão da aquisição da FAEL, anunciada em maio de 2021, com EV de R$ 298 milhões (R$ 280 milhões pagos no fechamento).
A XP mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 17,00.
Yduqs
A Yduqs deve apresentar resultados neutros no quarto período, com quase nenhum impacto de descontos obrigatórios por um lado e custos e despesas mais altos por outro, diz a XP.
A receita deve crescer 19% a/a, principalmente devido
(i) à maturação de vagas em faculdades de medicina;
(ii) a uma forte redução nos descontos obrigatórios;
(iii) a aquisições e
(iv) ao crescimento no segmento digital.
A XP vê a margem EBITDA ajustada comprimida em 1,4 p.p. a/a, à medida que os repasses de polos aumentam e a inflação pressiona os custos com pessoal.
Analistas projetam um lucro líquido ajustado de R$ 59 milhões no trimestre, com aumento trimestral das despesas financeiras líquidas devido ao aumento das taxas de juros.
E ressaltam que esperam que os resultados sejam muito menos afetados por itens não recorrentes comparativamente ao ano anterior e ao trimestre anterior.
A XP recomenda compra de Yduqs, com preço-alvo de R$ 50,70.