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Assaí (ASAI3): saída de Casino ameaça o futuro da varejista?

Analistas relembram que a venda de fatia remanescente detida pelo grupo francês torna a empresa em uma companhia com capital totalmente pulverizado

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Às 10:45 desta sexta-feira, 23 de junho, as ações do Assaí (ASAI3) saltavam 6,59%, ao preço de R$ 14,24 cada.

Durante a sessão, o grupo francês Casino, ex-controlador da varejista, vai vender sua participação remanescente de 11,70% na empresa por meio de um block trade executado pelo BTG Pactual (BPAC11).

Em fato relevante, o Assaí havia informado que a oferta vai sair a um preço inicial de R$ 12,68, e deve movimentar mais de R$ 2 bilhões.

O que motiva o block trade?

Enrico Cozzolino, Flávio Conde e Luis Nuin, analistas da Levante, relembram que as ações da varejista dispararam, impulsionadas por rumores de uma

nova venda de participação do Casino na companhia e a possibilidade de a varejista fazer uma oferta primária.

O grupo francês, agora acionista minoritário do Assaí, tem se desfeito de diversos negócios para levantar recursos, enquanto busca renegociar uma dívida de 6,4 bilhões de euros com credores.

O Casino estuda a proposta do bilionário tcheco Daniel Kretinsky (segundo maior acionista do grupo) de um aporte de 1,1 bilhão de euros.

A capitalização poderia levar a uma grande diluição dos acionistas existentes, e tiraria Jean-Charles Naori do controle da companhia, explicam os analistas. No entanto, analistas opinam que o acontecimento acalmaria os credores dado o momento delicado que a companhia enfrenta.

Antecedentes

Em março deste ano, o Casino vendeu 254 milhões de ações do Assaí, em um follow-on que movimentou R$ 4,06 bilhões.

Por conta disso, o grupo francês ficou impedido de vender novas ações por um período de noventa dias, que se encerrou na última sexta-feira, 16 de junho, o que abriu caminho para uma nova venda de participação na companhia.

No ano passado, o Casino também anunciou a cisão do Éxito, a rede de supermercados colombiana, e passou a deter 47,0% do capital social com a intenção de fazer a oferta inicial de ações da varejista na Colômbia.

Cozzolino, Conde e Nuin relembram que, quando o Casino fez a aquisição do Éxito em 2019, o grupo transferiu a dívida que tomou para financiar a aquisição para o balanço do Assaí, que, hoje, corresponde a cerca de 80% do endividamento da empresa de cash and carry, e fez a varejista encerrar o primeiro trimestre deste ano com um alto nível de endividamento.

Para onde vai o Assaí?

Embora uma nova redução de participação no Assaí fosse esperada para esse ano, analistas veem a transação como positiva, visto que deve melhorar a liquidez do ativo.

Quanto à redução da influência do Casino na companhia, eles creem o fato já esteja em grande parte precificado, principalmente devido ao fato de o grupo francês já não ser mais o controlador.

Ainda assim, com a saída completa do Casino, o Assaí se torna uma empresa com capital totalmente pulverizado, algo aguardado com expectativa pelo mercado desde a primeira grande redução do Casino na empresa no ano passado.