
A Previ, fundo de pensão dos funcionários do público Banco do Brasil (BBAS3), estuda a venda de sua participação de 23,4% na HMOBI, empresa que controla a concessionária MetrôRio. A entidade confirmou ao Painel S.A., coluna do jornal Folha de S.Paulo, que tem recebido propostas, mas destacou que não existe um processo formal de venda em andamento.
De acordo com nota divulgada pela Previ, o fundo analisa tecnicamente cada oferta recebida e segue diretrizes estabelecidas pela sua política de investimentos.
Se avançar para uma negociação concreta, o fundo de pensão precisa consultar o Mubadala, fundo de investimentos dos Emirados Árabes Unidos, que detém 51,52% da MetrôRio e possui direito de preferência na compra da fatia da Previ.
Além dessas instituições, também são acionistas da MetrôRio os fundos de pensão Funcef (19,10%), ligado à Caixa Econômica Federal (CEF), e Petros (5,88%), dos funcionários da Petrobras (PETR3)(PETR4).
A possibilidade de venda ocorre em um momento de mudanças no setor metroviário do Rio de Janeiro.
O governo estadual contratou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) para recalcular a tarifa do metrô, atualmente a mais cara do Brasil.
Os estudos podem resultar em uma redução no preço das passagens, medida que vai ser implementada por meio de um modelo de remuneração diferente para os operadores e para reduzir a dependência da tarifa paga pelos passageiros, além de aumentar a participação do Estado nos subsídios.
A partir de abril, a tarifa do metrô vai ser reajustada de R$ 7,50 para R$ 7,90, enquanto o governo analisa formas de atenuar esse impacto financeiro.
Com o novo modelo de remuneração, os pagamentos passarão a ser baseados em indicadores como quilômetro rodado, o que pode afetar diretamente as receitas da concessionária e, consequentemente, o valor de mercado da MetrôRio.
Se essa desvalorização ocorrer, a Previ pode arrecadar menos do que o esperado com uma eventual venda.
Déficit bilionário e auditoria do TCU
O momento financeiro da Previ também vai ser um fator que pesa na negociação, de acordo com o periódico. O fundo registrou um déficit de R$ 17,6 bilhões em 2024, após ter fechado 2023 com superávit de R$ 9,8 bilhões.
A queda acentuada chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), que abriu uma auditoria para investigar as contas da entidade.
Apesar disso, a Previ reitera que o déficit não representa prejuízo e que a sua saúde financeira segue robusta.
“ A Previ não lida com necessidade de vender nenhum ativo para pagar benefícios. Tem um fluxo de caixa bem alto, com investimentos altamente rentáveis, que garantem a segurança do plano e dos associados“, afirmou o fundo em comunicado.