No âmbito das mudanças na Lei das Estatais aprovadas pela Câmara dos Deputados na primeira quinzena de dezembro, a equipe de Equity Research do Inter (INBR32), representada pelos analistas Rafaela Vitoria e Rafael Winalda, publicou uma série de avaliações sobre companhias estatais brasileiras.
Especificamente sobre o Banco do Brasil (BBAS3), dizem que, apesar de possuir uma governança corporativa robusta com um modelo de decisão colegiada, que envolvem representantes das unidades do banco e apoio de comitês executivos na definição das estratégias e aprovação de negócios, possui como seu principal acionista o Governo Federal, que, por meio do conselho de administração ainda consegue ter forte influência na diretoria e, consequentemente, nos rumos estratégicos.
O uso do crédito para ampliar os interesses e incentivos do governo, desalinhado à garantir solidez e rentabilidade no longo prazo, pode ser um fator a se atentar para os próximos anos, o que pode afetar o nível de spread e qualidade de crédito.
Apesar de que, no BB, “por ser um banco listado e pertencente ao novo mercado da B3 com boas práticas de governança e transparência”, Vitoria e Winalda acham um caminho não improvável, porém, difícil, enquanto existem instituições como Caixa Econômica Federal (CEF) e BNDES com menor nível de transparência e dispositivos de governança, que são amplamente utilizados nas políticas públicas da União.
O Inter mantém-se neutro em relação aos papéis, com preço-alvo de R$ 42,00 para as ações BBAS3.
Em material, a XP Investimentos, para o Banco do Brasil (BBAS3), também destacou a recente mudança na Lei das Estatais, que provocou os ânimos do mercado ao adicionar incertezas em relação a governança corporativa da instituição.
Analistas creem que os papéis continuarão pressionados ao longo do primeiro ano do novo governo Lula (PT), e potencialmente mais volátil até que essas incertezas sejam resolvidas.
Apesar disso, interpretam como positivo o anúncio de Tarciana Medeiros como nova CEO, por sua longa e renomada experiência no banco (como em diversas áreas dos segmentos de banco de varejo e seguros), combinada com suas qualificações em tecnologia e análise de dados.
De acordo com a XP, esses fatores devem levar o banco a manter seus investimentos em inovação e tecnologia, bem como sustentar sua eficiência operacional.
Embora ainda estejam pendentes novos anúncios relacionados às operações do banco, o que pode continuar a pressionar as ações no curto prazo, analistas da XP Investimentos acreditam que seus resultados devem continuar fortes neste ano e veem seu valuation como atraente (3,5x P/L para 2023).
Em razão disso, mantiveram a visão favorável e a recomendação de compra para as ações, ao preço-alvo de R$ 61,00.