A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para investigar a Braskem (BRKM5) no Senado Federal causa ruídos entre legendas que são a base de sustentação ao governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional, apurou o jornal Valor Econômico.
Estão em lados opostos o senador Renan Calheiros (MDB-AL) e, do outro, o líder do governo no Senado Federal, Jaques Wagner (PT-BA) e mais alguns senadores do Partido dos Trabalhadores e do PSD de Rodrigo Pacheco (MG), presidente do Congresso Nacional.
O grupo se desentendeu depois que Calheiros foi preterido por Omar Aziz (PSD-AM) e perdeu a relatoria do colegiado para o senador Rogério Carvalho (PT-SE). Como resposta, o alagoano anunciou sua saída da comissão.
Aziz foi pressionado, nos bastidores, por Wagner e pelo líder do PSD no Senado Federal, Otto Alencar (BA), o que gerou ruído entre eles.
Por conta desse cenário, integrantes da gestão petista admitem preocupação com o andamento das investigações. A avaliação transmitida ao jornal Valor Econômico foi de que o tema pode causar novas rusgas entre diferentes grupos que compõem atualmente a base aliada do governo federal.
Na prática, dizem interlocutores, a CPI tem potencial para afetar a votação de projetos importantes.
A escolha de Rogério Carvalho para a relatoria da CPI da Braskem intensificou o desconforto até mesmo de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) com o Palácio do Planalto. Isso porque o presidente do Senado já havia se comprometido com Calheiros – que tem sido seu aliado na Casa – e avalizado a escolha do emedebista para o posto de relator.
Na visão de pessoas próximas a Pacheco, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) privilegiou a vontade do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), já que líderes do governo e do PT não apoiaram a indicação de Calheiros, adversário político de Lira.
Nesta terça-feira (27), o relator da CPI da Braskem, Rogério Carvalho, apresentou o plano de trabalho da CPI, com pedidos de informações de inquéritos policiais que envolvem a petroquímic.
Calheiros, por sua vez, em entrevista ao Valor Econômico, minimizou qualquer possibilidade de a CPI impactar na base do governo.
Até o momento, Calheiros ainda consta como membro da CPI, mas disse não vai reconsiderar sua decisão. Ele pontuou que parlamentares do PSD e do PT não assinaram o requerimento para a instalação, mas, mesmo assim, ficaram com cargos.
As informações são do jornal Valor Econômico.