O primeiro balanço financeiro da Brava Energia (BRAV3) após a fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta ficou abaixo das expectativas da XP Investimentos.
Isso porque, a casa esperava que a nova companhia apresentasse um EBITDA (lucro antes juros) ajustado 8% acima do que foi mostrado. No período, o EBITDA da companhia foi de R$ 748 milhões, uma queda sequencial de 35%, reflexo da redução nos preços e produção de petróleo e gás.
Apesar disso, o lucro líquido não ajustado foi de R$ 498 milhões, superando as projeções de prejuízo líquido da XP, que estimava uma perda de R$ 100 milhões, impulsionado por ganhos extraordinários relacionados à fusão.
A produção da Brava também apresentou queda de 13% no comparativo trimestral, atingindo 51,7 mil barris de óleo equivalente por dia (kboed), sendo 41,2 mil barris de petróleo e 10,5 mil kboed de gás.
O desempenho foi impactado por paradas de produção nos campos de Papa-Terra, devido a exigências da ANP, e pela desconexão de poços no campo de Atlanta para a instalação de um novo FPSO (Floating Production Storage and Offloading).
A redução na produção, embora temporária, gerou um aumento no lifting cost, que foi de US$ 20/boe, uma redução de cerca de 12% em relação ao segundo trimestre de 2024.
Outro ponto relevante foi a alavancagem da empresa, que atingiu 2,7x Dívida Líquida/EBITDA LTM, superior ao esperado pela XP Investimentos.
O aumento na dívida líquida, que chegou a R$ 9 bilhões (ou US$ 1,7 bilhão), foi agravado pela queima de caixa de R$ 1,4 bilhão e o pagamento de dividendos de R$ 90 milhões.
A XP destacou a possibilidade de violação do limite de covenant de 3,0x no quarto trimestre de 2024, embora essa situação deva ser temporária, dado o ajuste da produção.
Apesar dos desafios de curto prazo, a XP Investimentos vê espaço para a Brava liberar valor significativo de suas operações, especialmente nos campos de Papa-Terra e Atlanta, e capturar sinergias da fusão.
A empresa já iniciou ações de otimização de custos e operações, além de trabalhar na reestruturação corporativa e na amortização do ágio gerado pela fusão.
O quarto trimestre de 2024 é projetado como desafiador, devido às paradas de produção, mas a XP acredita que a recuperação nos volumes de produção e as iniciativas de sinergia devem resultar em uma melhora substancial no desempenho da Brava a partir de 2025.
“O desempenho dos dois principais campos offshore da Brava será crucial para definir o futuro da companhia, com um ramp-up esperado em dezembro de 2024”, conclui a casa.