Na última quinta-feira (27), a XP Investimentos divulgou um relatório com projeções mais pessimistas para o BRF (BRFS3). Do início do ano até a última quinta-feira, os papéis do frigorífico já se desvalorizavam em 26,88%.
De acordo com os analistas Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, a companhia deve reportar outro trimestre fraco em vista de uma perspectiva global difícil de oferta.
Na avaliação deles, a demanda mantém os preços baixos, enquanto as pressões de custo ainda não foram totalmente aliviadas.
Alencar e Fonseca projetam resultados decrescentes sequencialmente, com os maiores destaques negativos dentre as exportações diretas e o Brasil, já que a falta de produtos festivos neste último deve afetar negativamente as margens.
Pelo lado positivo, veem melhorias de eficiência (especialmente em estoques), que devem aumentar a geração de caixa – o que deve reduzir a alavancagem para 3,5x.
Na avaliação dos analistas, a empresa está longe de um nível confortável, mas está em um começo.
Embora não vejam sinais iniciais de melhora na dinâmica de oferta e demanda junto com melhores fundamentos, especialmente na perspectiva de custos de grãos, continuam cautelosos com a recuperação da BRF e, portanto, reiteraram recomendação neutra e o preço-alvo de R$ 8,60 por ação.
Já o BTG Pactual mantém a mesma indicação (ao preço-alvo de R$ 11,00), contudo, após uma oportunidade de discutir com a alta direção do frigorífico alguns dos pontos que tentam implementar antes de restaurar a competitividade de custos da empresa, a eficiência produtiva e comercial e a capacidade de crescimento.
Eles destacam esforços da companhia para retornar aos princípios fundamentais do negócio de proteínas e elogiaram a vasta experiência do novo CEO, Miguel Gularte.
Os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin veem ainda como positivo que a empresa tenha deixado projetos mais ambiciosos de lado, pois os níveis de endividamento são altos, a concorrência se acirrou e a BRF não desfruta mais o domínio que já teve.
Para eles, o EBITDA e a volatilidade de lucros do frigorífico permanecem em alta histórica, ao passo que as margens estão abaixo do necessário para estabilizar a dívida e permitir um fluxo de caixa livre (FCF) consistente ou mesmo uma geração positiva.
De acordo com o BTG Pactual, o valor da empresa consiste em apenas 26% de seu valor de mercado e em 74% de sua dívida líquida, o que resulta em extrema volatilidade do preço das ações, com base na evolução das perspectivas de ganhos. com um índice de alavancagem acima de 4x.
Na avaliação de Duarte e Brustolin, a BRF desponta como uma aposta muito arriscada.