Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – As ações da CSN (SA:CSNA3) operam em queda nesta tarde, recuando 2,75%, a R$ 16,28, às 14h23. No mesmo horário, o Ibovespa avançava 0,35%, a 100.033 pontos.
A desvalorização das ações acontece no mesmo dia em que a CSN confirmou o seu interesse em comprar a Samarco, empresa em recuperação judicial controlada pela Vale (SA:VALE3) e pela BHP Billiton (NYSE:BHP).
Para elaborar a proposta de compra, a CSN teria contratado a RK Partners, segundo a Reuters.
A Vale e a BHP, porém, responderam ao comunicado da CSN afirmando que a Samarco “não está a venda”.
Para Gabriel Tinem, analista da Genial Investimentos, caso a CSN consiga fazer uma proposta pela Samarco e encontre uma solução para o seu processo de recuperação judicial, o negócio poderia ser bem interessante.
Na visão do analista, a compra da Samarco pela CSN seria benéfica, pois ajudaria a incrementar os preços justos, aumentando tanto a quantidade produzida quanto a qualidade do mix de produtos vendidos pela companhia.
Desde o desastre de Mariana em 2015, a Samarco acumula uma dívida de R$ 50 bilhões, sendo que R$ 24 bilhões são dívidas com fundos internacionais credores, que não estão satisfeitos com o plano de recuperação elaborado pela companhia.
O desentendimento entre os credores e a Samarco se prolonga desde o início da recuperação judicial para adoção de um plano específico, explica Tinem.
Rumores dão conta de que a CSN já fez contatos preliminares com os sócios da Samarco e com os representantes dos credores financeiros, o que ajudaria nas negociações sobre o plano de recuperação.
Impacto no valuation
Tinem comenta que a Samarco produz, atualmente, abaixo da sua capacidade operacional.
Em 2015, antes da tragédia de Mariana, a sua produção era de 30,5 Mt de pelotas anualmente, mas em 2021, a sua produção foi de 7,9 Mt de minério de ferro, sendo a maior parte pelotas, o que representa 26% de sua capacidade.
Caso a Samarco volte a produzir nos mesmo patamares de 2015, os números da CSN na mineração mais que dobrariam, ainda mais se levado em conta o fator qualidade do mix de produtos a ser levado em conta.
Dessa forma, ao assumir que a Samarco volte a operar em 100% da sua capacidade, a partir de 2023, o incremento na CSN Mineração (SA:CMIN3) seria em torno de R$ 9,00 por ação, segundo a Genial.
Como a CSN detém 78,24% da CSN Mineração, o incremento para a holding seria de cerca de R$ 7,00 por ação.
A Genial também calculou diferentes cenários, caso a capacidade da Samarco não se recupere em 100%.
Ainda assim, mesmo no exemplo mais conservador, em que a Samarco volte a produzir apenas 10% do que conseguia antes do desastre de Mariana, o valuation da CSN Mineração receberia um incremento de R$ 4,10 por ação e a CSN, de R$ 3,20.