Representantes da Eletrobras (ELET3; ELET6) e do governo se reuniram pela primeira vez para discutir a limitação do poder de voto do governo nas decisões da companhia na última segunda-feira (8).
Em maio de 2023, a Advocacia Geral da União (AGU) entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para rever artigos da Lei 14.182 da privatização da companhia, que restringe os votos de acionistas a 10% do capital da empresa. A União tem cerca de 42% das ações da companhia.
O analista Ruy Hungria, da Empiricus, vê como negativa a possibilidade de o governo ter mais participação nas decisões da Eletrobras.
“O governo normalmente toma péssimas decisões como administrador de empresas. A gente vê quadros inchados, contrato com empresas não tão boas para fazer serviços terceirizados e decisões de investimentos ruins”.
Além disso, a casa de análise acredita que, caso o presidente Lula (PT) consiga aumentar o poder de voto do governo, as ações podem responder de forma negativa.
“Seria uma mudança drástica. O governo voltaria a dar as cartas dentro da companhia e a Eletrobras não seria mais uma empresa com a independência de uma companhia privada. Estamos vendo os resultados e a eficiência melhorando nos últimos trimestres depois da privatização”, ressaltou o analista.
Apesar do temor, Hungria destaca que é difícil que o governo consiga aumentar sua participação por conta do diálogo entre as duas partes, que tende a apaziguar os lados, e a complexidade do processo de privatização, que durou anos.
Para o analista, as ações da Eletrobras estão “muito baratas”. A avaliação é de que a resolução da questão vai ser “menos negativa do que o mercado espera” e o Estado não conseguirá aumentar seu poder no Conselho.
Neste sentido, a Empiricus recomenda compra na ação, que se apresenta como uma boa oportunidade.