Em busca de solução

Em crise, Azul (AZUL4) volta cobrar TAP por dívida de R$ 1,2 bilhão

Em documento, obtido pelo jornal O Globo, companhia exige que a aérea de Portugal apresente em sete dias uma “proposta concreta”

Informações sobre Azul (AZUL4)
Dado Galdieri / Bloomberg

A Azul (AZUL4) está em busca de um acordo com a TAP Portugal para resolver uma dívida que gira em torno de € 200 milhões, o equivalente a mais de R$ 1,2 bilhão. Na semana passada, a companhia brasileira enviou uma notificação ao comando da TAP e ao governo de Portugal, que é o controlador da aérea europeia, cobrando uma solução para a pendência.

O documento, obtido pelo jornal O Globo, exige que a TAP apresente em sete dias uma “proposta concreta” para solucionar a disputa.

A Azul sugere dois caminhos: o aperfeiçoamento das garantias que respaldam a dívida ou o pagamento antecipado do valor devido.

Sobretudo, esse movimento ocorre em um contexto desafiador para a Azul, que tem enfrentado rebaixamentos em sua classificação de risco.

Agências como Moody’s, Fitch e S&P reduziram as notas da empresa, ao citar um “balanço altamente alavancado” e a necessidade urgente de novas fontes de financiamento devido à liquidez apertada.

A origem da dívida remonta a uma emissão de títulos pela TAP em 2016, com vencimento previsto para 2026. No entanto, recentes movimentações do governo português levantaram preocupações na Azul sobre a capacidade da TAP de honrar seus compromissos financeiros. A discussão sobre a privatização da TAP e a venda de ativos que garantem os títulos têm gerado incertezas.

Em julho, a Azul já havia notificado a TAP por não cumprimento de obrigações relacionadas à emissão dos bonds, mas a resposta da empresa portuguesa foi considerada insatisfatória, alegando que não havia a obrigação de manter as garantias.

Na nova notificação, a Azul rechaça os argumentos da TAP e solicita a definição de “parâmetros mínimos para um possível acordo” para evitar “medidas adicionais”.

Fontes próximas às negociações indicaram a colunista Renata Agostini que, sem um caminho negociado, a Azul poderia recorrer à Justiça para bloquear a venda de ativos e complicar os planos de privatização da TAP.

A companhia brasileira também se mostrou disposta a negociar um “deságio” sobre os juros, caso opte pelo pagamento antecipado da dívida.