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Gol (GOLL4): Latam já se movimenta para comprar Boeing e frota única da companhia, diz jornal

Segundo o Valor Econômico, grupo chileno enviou cartas aos arrendadores da aérea brasileira na última segunda-feira (29)

Gol - Gol/Divulgação
Gol - Gol/Divulgação

Na audiência da última segunda-feira (29) com a justiça de Nova York, advogados da Gol (GOLL4) afirmaram que alguns arrendadores receberam cartas da Latam que dizia; “diante dos eventos recentes”, em referência a recuperação judicial da companhia, teria interesse em discutir uma possível compra de 20 a 25 aeronaves Boeing 737 da Gol, segundo fontes do site Valor Econômico

A princípio, o 737 é um modelo central na estratégia de frota única da Gol, ou seja, a Latam não opera na linha.

O grupo chileno tem uma frota de 256 Airbus, usados nas rotas mais curtas. A família Boeing (58 unidades no total) é usada sobretudo em longas distâncias, com o 787 (Dreamliner). A empresa, segundo seu site, tem ainda unidades do 777, e 767.

Conforme a publicação do site, a carta aos arrendadores chega em um momento em que a Gol tem se esforçado para negociar seus contratos.

Atualmente, o mercado tem uma forte demanda por aeronaves diante dos problemas na cadeia de produção — cenário muito diferente do que aconteceu na época do chapter 11 da Latam e da colombiana Avianca.

Esse fogo amigo entre as aéreas é bem intenso. Ninguém torce pela falência de uma companhia de grande porte, que pode desestabilizar todo o transporte, mas todos querem ganhar mais market share diante da fraqueza de um concorrente que antes da pandemia era líder.

A Gol tinha cerca de 38% de participação do mercado antes, em dezembro, ficou perto de 33%, sendo superada pela Latam, com 38,7%.

Na época da reestruturação de dívidas da Azul com arrendadores concluída no ano passado, fontes do Valor, destacaram que a Latam chegou a fazer o mesmo movimento para tirar aeronaves Airbus da concorrente em conversas com arrendadores.

Já quando a Latam entrou em recuperação judicial nos EUA — entre 2020 e 2022 — a Azul fez um amplo movimento público no mercado tentando negociar com credores da chilena a compra da Latam Brasil, conforme mostrou o Valor.

Mas a provocação da Azul não vem do nada. A empresa tentou comprar os ativos da Avianca Brasil (OceanAir) antes dela falir. Gol e Latam, entretanto, fizeram uma dura campanha contra, impedindo a compra.

A Azul, irritada com o tema, decidiu sair da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que hoje agrupa Gol e Latam, além de outras aéreas menores.

Em nota ao Valor, a Latam informou que está ativa há vários meses em busca de aviões no mercado para fazer frente à forte demanda por viagens.

“O grupo Latam está em contato permanente com todas as partes interessadas relevantes em matéria de frota (arrendadores e fornecedores de equipamentos e manutenção) como parte de seu negócio. A companhia está ativa no mercado há vários meses com o objetivo de garantir a capacidade necessária para atender às necessidades contínuas e de longo prazo no contexto dos desafios globais da cadeia de suprimentos e da falta de aeronaves/motores”, disse, em nota.

As informações são do repórter Cristian Favaro, para o jornal Valor Econômico.