As ações do GPA (PCAR3), que detém as redes Pão de Açúcar e Extra, iniciaram o pregão desta segunda-feira (11) em forte queda de 9%, sendo cotadas a R$ 3,94 por volta das 10h25.
Essa desvalorização acompanha o anúncio feito pela companhia, no último domingo, sobre o início dos estudos para uma oferta pública de ações ("follow-on") estimada em R$ 1 bilhão.
A intenção por trás dessa operação é a redução das dívidas, visando diminuir consequentemente a alavancagem financeira. Além disso, a empresa propôs uma reestruturação do Conselho de Administração, vinculada ao desfecho bem-sucedido da potencial oferta primária.
O novo conselho seria constituído por nove membros, sendo seis deles independentes e os três restantes já fazendo parte da atual gestão da empresa.
A recente valorização das ações, que chegaram a subir mais de 12,6% na semana passada, foi impulsionada pelos rumores da possível saída do principal acionista, Casino, na terça-feira passada (5). Desde outubro, especula-se no mercado sobre a transformação do Grupo em uma "corporation", uma companhia sem controle definido, como parte da estratégia de saída do controlador Casino da América Latina.
Essa movimentação ganhou força após informações veiculadas pelo Broadcast, citando fontes, sobre uma proposta em discussão no alto escalão do GPA.
Na quinta-feira (7), durante o Investor Day do grupo, o CEO Marcelo Pimentel reiterou o compromisso com a reestruturação da companhia, buscando reduzir a alavancagem financeira e aumentar a rentabilidade. Na ocasião, ele desconsiderou os rumores sobre a possível transformação da empresa em uma corporation como "especulação".
Após quatro dias consecutivos de expressivos ganhos, as ações do GPA encerraram a semana passada com uma alta acumulada de 23%.
De acordo com análises do Bradesco BBI, esse movimento indica uma provável saída do grupo Casino do controle do GPA, considerando a intenção manifestada pela empresa francesa no início de 2023 de se desfazer de todos os ativos na América do Sul.
Entretanto, o Bradesco BBI considera improvável que o Casino siga adiante com essa oferta primária, observando que a capitalização de mercado atual do GPA está avaliada em R$ 1,17 bilhão.
Uma eventual oferta primária de R$ 1 bilhão acarretaria em uma diluição potencial de cerca de 50% para os acionistas.
O banco estima que o grupo atingirá uma relação dívida líquida/Ebitda de 4,3 vezes em 2024, considerando a melhoria gradual do Ebitda e as receitas de venda do Grupo Éxito, estimadas em R$ 800 milhões.
Apesar da possibilidade de melhoria na estrutura de capital com a injeção de capital de R$ 1 bilhão, o banco mantém uma postura cautelosa em relação ao GPA, mantendo uma recomendação neutra e um preço-alvo estimado de R$ 4,50 para o final de 2024.
"No geral, a necessidade de uma oferta primária reforça nossa visão de que o plano de reestruturação atual do GPA não é suficiente para equilibrar sua estrutura de capital", destaca o Bradesco BBI, ressaltando que embora o crescimento da receita demonstre sinais de recuperação, a melhoria na margem Ebitda ainda não é considerada suficiente para gerar caixa, excluindo a monetização de ativos não essenciais.
Uma das estratégias de reestruturação do grupo inclui a venda da Cnova para o Casino, uma operação considerada positiva por analistas, embora o valor da alienação tenha sido inferior ao esperado.