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IRB (IRBR3): companhia está entre a cruz e a espada, de acordo com a Eleven. Por quê?

Se a oferta de ações já foi recebida como uma notícia negativa, o pior cenário seria a falta de captação de recursos

- Divulgação
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Nesta terça-feira (30), o IRB (IRBR3) informou a venda do edifício-sede ao Sebrae-RJ por R$ 85,3 milhões, de acordo com o comunicado da empresa enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Mas, de olho no follow-on anunciado pela companhia no dia 24 de agosto, Carlos Daltozo e Raul Grego Lemos, analistas da Eleven, publicaram um relatório de análise sobre a operação.

A medida sucede a divulgação do balanço do segundo trimestre da companhia. Na ocasião, o IRB apresentou novo desenquadramento regulatório com apenas 64% do patrimônio líquido ajustado necessário e insuficiência de cobertura de provisões técnicas no valor de R$ 730 milhões.

Alguns detalhes da oferta chamaram atenção.

Diferente de 2020, que os acionistas de referência, Bradesco (BBDC4)(15,8%) e Itaú (ITUB4)(11,5%) deixaram claro que iriam subscrever a oferta no percentual de suas participações, dessa vez, apesar de ambos os bancos serem os coordenadores da oferta ao lado do Santander Brasil (SANB11), essa informação não consta em fato relevante.

Daltozo e Grego Lemos acreditam que ambos acionistas relevantes devam subscrever suas respectivas participações.

Outra informação que chamou atenção dos representantes da Eleven foi o percentual do lote adicional de ações.

Em uma oferta subsequente, normalmente o lote adicional gira em torno de 20%, nesse caso, o fato relevante considera a emissão de até 200% da oferta base, o que sinaliza a expectativa de um grande desconto frente ao preço de tela.

Se considerarmos o preço de fechamento do dia do anúncio da oferta de R$ 2,01, a oferta base de 597 milhões de novas ações chegaria ao valor máximo aprovado em assembleia de R$ 1,2 bi.

O grande risco para o IRB nesse momento seria a não realização da oferta por falta de interesse dos investidores, mesmo com o grande desconto esperado, pois o risco de execução desponta como relevante, com a sinistralidade ainda em patamares elevados, de acordo com os analistas.

As estimativas de Eleven já precificavam um resultado operacional positivo com a sinistralidade abaixo de 70% para 2022. Porém, a fotografia do primeiro semestre foi bem diferente, com o resultado operacional em R$ 757 milhões negativos. Isso ofuscou o ganho financeiro de R$ 360 milhões no mesmo período.

Em razão disso, a Eleven atribui recomendação neutra para IRBR3, com preço-alvo de R$ 2,10 – derivado do cálculo do P/VPA implícito com ROE de 13% em 2024, e WACC de 14,5%, que considera a alocação apenas da oferta-base.

Para os detentores do papel, Daltozo e Grego Lemos sugerem acompanhar a oferta a mercado, sem indicação de preço para não serem diluídos.

“A companhia está entre a cruz e a espada, pois a oferta é uma notícia negativa, mas a não captação dos recursos é o pior cenário. O período de subscrição se encerra no dia 31”, finalizam.