O Itaú (ITUB4) entrou com uma ação judicial contra seu ex-diretor financeiro, Alexsandro Broedel Lopes, no último dia 6 de dezembro, na Justiça de São Paulo, e acusou o executivo de envolvimento em irregularidades relacionadas ao pagamento de pareceres contratados pela instituição financeira.
O caso envolve Eliseu Martins, um dos nomes mais respeitados no campo da contabilidade no Brasil.
O banco afirma que Broedel teria se beneficiado financeiramente de sua posição, ao contratar pareceres de uma consultoria na qual ele atua como sócio.
A acusação envolve vinte e três transferências bancárias, ao total de R$ 4,86 milhões, realizadas entre 2019 e 2024, com pagamentos que teriam sido feitos de forma irregular a Broedel e sua empresa de consultoria.
A ação judicial também inclui Eliseu Martins, que foi diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e referência em contabilidade no país.
Como Broedel e Martins estariam envolvidos, de acordo com o Itaú
Segundo o Itaú, Broedel teria atuado de maneira irregular ao contratar pareceres de uma consultoria na qual era sócio, e teria recebido valores em benefício próprio, o que configura conflito de interesse.
O banco não aponta qualquer impacto nas demonstrações financeiras da empresa devido a essas transações, mas afirma que tais pagamentos irregulares prejudicam a integridade dos processos da instituição.
Conheça Alexsandro Broedel
Além de ter sido diretor financeiro do Itaú (ITUB4) por 12 anos, Broedel também atua como professor da FEA/USP e ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Broedel deixou o Itaú em julho de 2024 para assumir um novo cargo no Santander, na Espanha.
O executivo ficou afastado por um período de quarentena antes de ser desligado da empresa em setembro, após o início das investigações internas que levaram ao processo judicial.
Como os pareceres foram contratados?
A acusação envolve o nome de Eliseu Martins, figura de destaque na contabilidade e ex-diretor da CVM, que, juntamente com seus filhos Eric e Vinicius, esteve à frente de empresas como Care Consultores, Evam Consultores e Broedel Consultores.
Nesta última empresa, Martins e Broedel são sócios, e onde, segundo o Itaú, os pagamentos irregulares teriam ocorrido.
O banco alega que de 2019 a 2024, foram feitas 56 transferências financeiras entre essas empresas e o ex-diretor Broedel.
Vinte e três dessas transferências diretamente ligadas aos pareceres contratados pelo Itaú.
De acordo com a instituição, isso demonstraria que Broedel recebeu cerca de 40% do valor pago pelo Itaú às consultorias.
Além disso, o banco aponta que, de 40 pareceres contratados, Broedel obteve 36, com 20 desses já localizados, mas houve também a constatação de quatro pagamentos antecipados que não foram entregues.
Irregularidades apontadas pelo Itaú: pagamentos indevidos
A acusação do Itaú se concentra nos pagamentos relacionados a 16 pareceres não localizados e nos quatro pareceres não entregues, que, segundo o banco, somam um total de R$ 6,6 milhões, além de acréscimos legais.
O Itaú solicita na ação judicial a devolução desses valores e o ressarcimento pelos serviços não prestados, e alega que o executivo se aproveitou de sua posição para obter vantagem indevida.
Broedel e Martins rejeitam as acusações
Por sua vez, os acusados, Broedel e Eliseu Martins, negam veementemente as acusações e dizem que as alegações são “infundadas e sem sentido”.
Broedel argumenta que Eliseu Martins prestou serviços ao banco há décadas, sem que houvesse qualquer questionamento prévio sobre a qualidade ou regularidade de seu trabalho.
Ele também destaca que as acusações surgiram após sua saída do Itaú para assumir um cargo em um concorrente do banco, o que levanta dúvidas sobre a motivação da ação judicial.
Eliseu Martins também refutou as alegações, e afirma que as acusações são baseadas em opiniões sem fundamento ou documentos concretos.
Martins esclarece que os serviços foram, de fato, prestados, e que ele vai devolver os valores antecipados para os quatro pareceres não entregues.
Ele também informou que não vai prestar mais serviços ao Itaú a partir de agora.
Ambos os acusados indicaram que pretendem recorrer judicialmente da ação movida pelo Itaú, e reafirmam sua posição de que não houve irregularidades em suas atuações.