Fraude financeira

Itaú (ITUB4) processa ex-CFO Alexsandro Broedel por fraude; indenização é de R$ 3,3 milhões

Ex-executivo do banco nega acusações e promete medidas judiciais

- Divulgação
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O Itaú Unibanco (ITUB4) entrou com uma ação judicial contra seu ex-diretor financeiro (CFO), Alexsandro Broedel, alegando que ele obteve vantagem indevida e participou de um esquema para encobrir uma “fraude rasteira”.

O banco pede uma indenização de R$ 3,3 milhões e incluiu na ação outros envolvidos, como o consultor Eliseu Martins e seus filhos.

A ação foi protocolada na Justiça de São Paulo nesta quinta-feira (30). O movimento marca um novo capítulo do caso que veio à tona no final de 2024.

No início de dezembro, uma assembleia-geral extraordinária do Itaú já havia anulado a aprovação das contas de Broedel entre 2021 e 2023. No entanto, a AGE destacou que não houve impacto nos balanços do banco.

Esquema de repasse de valores

Segundo o Itaú, Broedel, enquanto ocupava o cargo de CFO entre 2021 e julho de 2024, aprovava a contratação da Care Consultoria, de Eliseu Martins, para prestar serviços ao banco.

No entanto, parte dos valores pagos pelo Itaú à consultoria retornava a Broedel de forma indireta.

De acordo com a investigação interna do banco, Martins repassava 40% do montante recebido pela Care para outra empresa, a Evam, pertencente a ele e seus filhos.

A Evam, por sua vez, transferia os valores para Broedel, tanto como pessoa física quanto por meio da sua empresa, a Broedel Consultores, onde ele detinha 80% das ações.

“Embora sofisticado nas medidas para encobrimento do ilícito, o esquema tinha como objetivo realizar uma fraude rasteira: garantir que Alexsandro Broedel recebesse aproximadamente 40% de todos os valores pagos pelo Itaú Unibanco a Eliseu Martins”, diz a ação do banco.

Ainda segundo o Itaú, foram mais de 40 contratações nos últimos anos, todas aprovadas diretamente por Broedel, sem consulta a outros profissionais.

Dívidas milionárias e motivação financeira do ex-CFO

Outro fator citado na ação é a situação financeira de Broedel, que, segundo o banco, estava endividado e em uma condição “incompatível com as funções por ele exercidas”.

O Itaú menciona que o ex-CFO e sua empresa aparecem como réus em diversas ações de execução de dívidas, incluindo valores de R$ 615 mil no Bradesco, R$ 402 mil no Safra e outros débitos com a Prefeitura de São Paulo.

Para os advogados do Itaú, essa situação financeira teria sido um fator motivador para as supostas irregularidades.

Reação de Broedel e impactos no Santander

O caso ocorre um mês antes de o Santander decidir se aprova Broedel como seu novo chefe global de contabilidade, cargo para o qual ele se mudou para a Espanha após deixar o Itaú. A repercussão da ação pode comprometer sua permanência no novo banco.

Em resposta, a assessoria de Alexsandro Broedel divulgou uma nota negando as acusações. Segundo ele, os serviços mencionados pelo Itaú eram de conhecimento do banco e requeridos por diferentes áreas da instituição.

Além disso, a defesa afirmou que o Itaú levantou as suspeitas apenas após a renúncia de Broedel para assumir um cargo executivo no Santander.

“Causa profunda estranheza que o Itaú levante a suspeita sobre supostas condutas impróprias somente depois de Broedel ter apresentado a renúncia aos seus cargos no banco para assumir uma posição global em um dos seus principais concorrentes”, diz o comunicado.

A defesa informou ainda que Broedel tomará as medidas judiciais cabíveis contra o Itaú.

Com informações de Lauro Jardim – O GLOBO.