Como esperado diante do cenário macroeconômico, a Magazine Luiza (MGLU3) teve um trimestre difícil. As vendas totais da companhia alcançaram R$ 14 bilhões, uma alta de 13% comparada ao mesmo período de 2021. Ainda assim, o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 98,8 milhões, reflexo, principalmente, do aumento da inflação e dos custos dos produtos.
Para o BTG Pactual, os resultados foram fracos, refletindo a base comparativa difícil do e-commerce do ano passado, e com a operação de lojas físicas novamente impactada por pressões inflacionárias e uma menor demanda por eletrônicos e eletrodomésticos.
Segundo o banco, o e-commerce continua sendo uma tese estrutural positiva, mas com grande ruído de curto prazo, ao qual Magazine Luiza está altamente exposta.
Além do debate (global) sobre a espiral inflacionária e o aumento das taxas de juros (agora ainda mais acentuado), com efeito no custo do capital próprio, no Brasil, três principais preocupações afetaram o desempenho das ações, e devem persistir no curto prazo:
– desaceleração no e-commerce local, também impactado pela reabertura total das operações de lojas físicas
– concorrência de players nacionais e internacionais
– preocupações com margens sustentáveis para os players de e-commerce, dada a perspectiva mais competitiva à frente
Ainda assim, para o BTG, o momento é de comprar ações da Magalu. O banco tem preço-alvo é de R$ 16 até o final do ano, o que representa uma valorização de pouco mais de 260% em relação à cotação dos papéis na manhã desta terça.
Corte de preço-alvo, mas ainda com potencial de valorização
Para a Genial Investimentos, não é novidade que o varejo tem passado por um momento complicado e o “top line” do Magalu veio conforme esperado. Porém, surpreendeu, positivamente, a evolução da margem operacional no trimestre.
Por outro lado, uma maior despesa financeira fez com que o lucro líquido da Magazine Luiza ficasse 23% abaixo do estimado.
Por isso, a Genial cortou o preço-alvo do Magazine Luiza de R$ 8 para R$ 6. Ainda assim, há potencial de valorização de 35%.
Para os analistas do setor de varejo da Genial, Iago Souza e Laura Zioli, o que foi visto neste trimestre deve ser uma dinâmica do que provavelmente se repetirá ao longo do ano: um crescimento uniforme entre as linhas. Isso porque após a base do e-commerce crescer quase 150% em dois anos, Magalu criou uma base comparativa que é mais dificíl de dobrar.
"Ver essa linha performando em forte alta seria maravilhoso, de verdade, no entanto, devemos ser enfáticos em dizer que: este não é o grande foco do Magalu agora. Assim como as outras empresas de varejo (Via, Americanas, Mercado Livre, Amazon), a mentalidade de crescimento à qualquer custou ficou lá em 2020. Em 2022, vemos o varejo muito mais racional, focado em manter o crescimento de suas linhas sem comprometer margens", pontuam os analistas.
Por volta das 11h20, os papéis da companhia caíam 2,92%, cotados a R$ 4,32.