Acusação de lá, acusação de cá

Petrobras (PETR4): distribuidoras criticam estatal por aumento de preços do gás de cozinha

A estatal, por sua vez, nega que as mudanças em sua política de comercialização tenham impacto significativo no valor final pago pelo consumidor

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- Fernando Frazão/Agência Brasil
- Fernando Frazão/Agência Brasil

Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) responsabiliza os distribuidores pelo aumento do preço do gás de cozinha (GLP), representantes do setor rebatem e apontam a Petrobras (PETR4) como principal agente por trás da alta, apontou uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

A estatal, por sua vez, nega que as mudanças em sua política de comercialização tenham impacto significativo no valor final pago pelo consumidor.

Em anonimato, distribuidores relataram à coluna Painel S.A. que, desde novembro do ano passado, a Petrobras (PETR4) reduziu os volumes de GLP oferecidos em contratos tradicionais, e, com isso, obrigou as empresas a disputarem o excedente em leilões com preços superiores em até 60%, conforme documentos analisados pela coluna.

Com a assinatura de novos contratos entre distribuidoras e Petrobras (PETR4) no ano passado, foi implantado um novo modelo de fornecimento em novembro, com cortes nos sete polos da estatal no país.

Inicialmente, os cortes variavam entre 1% e 3% dos volumes mensais contratados, mas atualmente já alcançam 20%, informaram fontes do setor ao periódico.

Para compensar o corte, a Petrobras (PETR4) passou a realizar leilões eletrônicos, nos quais o preço por tonelada de gás pode superar em centenas de reais o valor praticado nos contratos tradicionais, estimado em R$ 3 mil por tonelada.

Em 26 de março, por exemplo, o leilão nos polos de Araucária (PR) e Ipojuca (PE) registrou lances com adicionais de R$ 439,00 a R$ 843,00 por tonelada.

Na tentativa de conter o impacto ao consumidor, distribuidores afirmam que reduziram custos internos. Ainda assim, o preço do botijão subiu entre R$ 2 e R$ 2,50 apenas nessa etapa da cadeia.

Na ponta final, os aumentos são ainda maiores, devido à recomposição de margens pelos revendedores, prática semelhante ao que ocorre com combustíveis quando há redução de impostos.

Representantes das distribuidoras também criticam a nomenclatura leilão de excedentes, uma vez que mais de 30% do GLP ofertado atualmente tem sido importado.

Segundo eles, a estratégia da Petrobras (PETR4) seria compensar perdas nas importações, já que, ao contrário do diesel, a empresa não adotou uma formação de preços mais alinhada ao mercado interno e continua a seguir o Preço de Paridade de Importação (PPI).

Em nota, a Petrobras confirmou que os contratos de GLP com distribuidoras preveem a possibilidade de leilões, mas ressaltou que essa modalidade é aplicada apenas a volumes limitados.

A companhia reiterou que o impacto desses leilões era pequeno sobre o mercado total de GLP no Brasil.

Por fim, observamos que os preços de venda da Petrobras para as distribuidoras têm influência limitada na formação dos preços de GLP ao consumidor, e representa, em média, R$ 34,70 por botijão de 13,0 kg, dentro de um preço médio de R$ 107,75, com preço máximo de R$ 155, informou a estatal, com base em dados da ANP.