O ciclo de quedas das taxas de juros beneficia investimentos de renda variável — sobretudo empresas com alto potencial de crescimento. O crédito mais barato e a redução do custo de dívida contribuem para uma maior expansão de lucros nos trimestres seguintes.
Nesse sentido, a Nord Research mapeou seis ações fora do radar dos investidores que vale a pena ficar de olho. “Curiosamente, a maioria delas são ações menos capitalizadas, conhecidas como “small caps”, que se beneficiam diretamente de um cenário como o que estamos agora”, escreveu a plataforma, em newsletter encaminhada na manhã desta quarta-feira (21).
As “small caps” são ações mais sensíveis aos ciclos da economia. Assim, elas tendem a ter um desempenho ainda melhor com a queda de juros.
Veja as seis ações que podem disparar nos próximos meses, de acordo com a Nord Research:
1. Priner (PRNR3)
Priner (PRNR3), “filha” de outra companhia listada na bolsa brasileira, a Mills (MILS3), desponta como a primeira empresa com alto potencial lucrativo.
Até 2013, a Priner pertencia à locadora de plataformas elevatórias quando ainda oferecia apenas serviços relacionados ao acesso, como montagem de andaimes.
Atualmente, a companhia possui um portfólio de atividades extremamente diversificado para atender o segmento de engenharia industrial, como o próprio acesso, pintura industrial, isolamento, infraestrutura, inspeção e muitos outros.
A diversificação operacional da empresa se deu junto à grande expansão apresentada por ela nos últimos anos, que foi impulsionada pelo seu IPO no início de 2020.
Com uma captação de mais de R$ 170 milhões, a Priner investiu grande parte dos recursos em crescimento inorgânico, com seis aquisições desde então, que contribuíram para que ela ampliasse ainda mais seu leque de serviços prestados e acessasse novos mercados.
Com as aquisições e também investimentos em mão de obra qualificada, a companhia tem conseguido renovar recorde em cada resultado trimestral divulgado.
Desde 2017, inclusive, a companhia já multiplicou seu EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) por mais de 23,0x, de R$ 5 milhões para mais de R$ 115 milhões atuais.
Mesmo com todo o crescimento apresentado nos últimos anos, a Priner só possui cerca de 4% de seu mercado — ou seja, ainda existe muito espaço para avançar.
Recentemente, a empresa realizou um follow-on em que captou R$ 90 milhões para acelerar sua expansão. Espera-se que, nos próximos anos, consiga dobrar ou até mesmo triplicar de tamanho com a captação.
2. Lavvi (LAVV3)
Fundada em parceria com a Cyrela (CYRE3) em 2016 , a Lavvi (LAVV3) foca em entregar empreendimentos imobiliários de destaque em diversas regiões nobres de São Paulo.
Devido à exclusividade de seus projetos, a empresa realiza poucos lançamentos por ano — atualmente, lança em média quatro por ano, um por trimestre.
Os lançamentos de alta qualidade, e muitas vezes exclusivos, permitem uma maior velocidade de vendas.
Com isso, a Lavvi consegue entregar a maior VSO (venda sobre oferta) do mercado de alta renda em São Paulo, e registrou 57,00% em 2022 e 54,00% nos últimos doze meses, além de ter apenas 0,5% de estoque concluído (obras prontas).
A exclusividade da tese e sua eficiência operacional também trazem ótimos frutos para os números financeiros da companhia.
Atualmente, além dos melhores indicadores operacionais, a incorporadora também possui a melhor margem líquida (22,00%) do segmento em que atua, além do maior ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), de 15,00%.
A Lavvi negocia a cerca de 1,2x seu patrimônio líquido, ligeiramente acima de seus pares comparáveis. Porém, a Nord Research alerta ser essencial que o múltiplo das empresas do setor seja analisado em conjunto de seus ROEs, que, como mencionado acima, são inferiores aos de Lavvi.
Além disso, a empresa negocia a menos de 6x lucros para 2024, abaixo de suas concorrentes, e ainda paga ótimos dividendos para seus acionistas, com um dividend yield (rendimento) atual de mais de 8%.
3. Mills (MILS3)
A Mills (MILS3) foca no aluguel de plataformas elevatórias e formas e escoramentos (painéis, formas, estruturas, torres e escoras) para grandes obras de engenharia e infraestrutura.
Além dos dois segmentos, a Mills foca sua estratégia no segmento de máquinas e equipamentos da linha amarela (tratores, escavadeiras, pás carregadeiras, retroescavadeiras, caminhões, entre outros).
A tese de investimento da Nord Research se baseia na oportunidade de consolidação desse mercado. No Brasil, o setor de aluguel de máquinas e equipamentos ainda permanece bastante pulverizado e pouco penetrado, ou seja, uma ótima oportunidade para Mills se consolidar.
A Mills lidera o segmento de locação de plataformas elevatórias, com 30% de market share, e de formas e escoramentos, com 50%.
Com uma alavancagem baixa (0,8x EBITDA), a companhia avalia novas aquisições para se consolidar no segmento de linha amarela.
Os planos da Mills para dobrar de tamanho nos próximos anos se resumem a fazer com que o segmento de linha amarela atinja o mesmo tamanho do que o de plataformas elevatórias atualmente.
4. GPS (GGPS3)
Em operação desde 1962, o GPS (GGPS3) lidera o mercado no segmento de Facilities, com cerca de 41,00% da receita total; Segurança, com 28,00% da receita total; Manutenção e Serviços Industriais, com 24,00%; e Logística Indoor, com 7,00% da receita líquida.
Com décadas de mercado, a GPS quase não enfrenta concorrência direta, devido a fatores como marca forte, excelente gestão de recursos, foco na geração de EBITDA (gestão de custos) e alavancagem baixa, além de um excelente track record de crescimento médio de 30% ao ano, com expertise em aquisições.
Esse conjunto tem gerado à companhia um excelente histórico de rentabilidade com ROE a 22,00%, ROIC 12,00% e baixa alavancagem (0,70x dívida líquida/EBITDA).
Em suma, a tese de investimentos foca na terceirização de mão de obra no Brasil, com grande espaço para crescimento quando comparada a outros mercados.
O Brasil tem apenas 1,10% de sua mão de obra alocada em facilities management, comparado a uma média global de 1,8% em outros mercados selecionados. E esse grupo de serviços (facilities management) representa apenas 0,8% do PIB no país vs. 1,6% da média global para os países analisados.
O mercado de terceirização de mão de obra tem ganhado destaque com as discussões do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a reforma tributária da folha de pagamento, o que pode incentivar mais ainda a aceleração da terceirização em 2024.
Esse ponto reforça a tese de Nord Research em GPS (GGPS3), além da forma como a companhia executa seus negócios.
5. Netflix (NFLX34)
Fundada em 1997, a Netflix (NFLX34) revolucionou a indústria do entretenimento doméstico. A plataforma anunciou um impressionante total de 260 milhões de usuários pelo mundo — 13,10 milhões de novos assinantes em apenas três meses no final de 2023.
O investimento em Netflix se baseia nos seguintes pontos:
- – i) líder no segmento de streaming: a Netflix se destaca como a grande líder na corrida dos streamings.
- – ii) catálogo mais completo: entre todas as empresas do mercado, a Netflix conta com uma mistura de títulos próprios e também títulos de terceiros. Recentemente, a plataforma também incorporou esportes (WWE Raw em 2025) ao catálogo, uma tendência crescente no universo do streaming, como Amazon e Apple TV+ já têm feito.
Como principais riscos, a Nord Research lista:
- – i) desaceleração do crescimento e
- – ii) a concorrência no setor de streaming.
6. TSMC, Taiwan Semiconductor Manufacturing Company
Parte fundamental na cadeia logística de praticamente todos os aparelhos eletrônicos que usamos em nosso dia a dia — celulares, carros, televisões e relógios —, a empresa segue bastante saudável, com saldo positivo de US$ 25 bilhões em caixa, já subtraídas as dívidas.
Em termos de projeções, a TSMC espera atingir uma receita entre US$ 80-90 bilhões e uma margem bruta entre 50% e 55% em 2024.
Como fatores de risco para a tese, a Nord Research lista:
- – i) desaceleração da indústria de semicondutores e
- – ii) uma possível invasão da China a Taiwan, o que poderia desencadear uma guerra entre o gigante asiático e os EUA. O cenário de uma invasão militar chinesa parece pouco provável no curto prazo.