O Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34) elevou sua projeção para o patamar da taxa básica de juros ao fim do atual ciclo de aperto monetário do Banco Central do Brasil a 12,25%, contra estimativa anterior de Selic terminal de 11,25%.
A revisão do BofA veio após a divulgação nesta terça-feira (8) da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom), que, segundo o banco privado norte-americano, adotou tom mais "hawkish", ou seja, mais duro do que o visto no comunicado de quarta-feira passada, quando a taxa Selic foi elevada em 1,5 ponto percentual para 10,75% ao ano.
"O BC afirmou que a desaceleração do ritmo de alta de juros é o caminho mais adequado para alcançar a convergência da inflação à meta e reancorar as expectativas, mas sugeriu que haverá mais ajustes à frente, em vez de uma alta final em março, como esperávamos", explicou em relatório David Beker, chefe de economia no Brasil do BofA.
Na ata do Copom, o BC optou por não indicar aos mercados qual será a magnitude da alta de juros da próxima reunião do colegiado, em março. A autarquia, no entanto, afirmou que o ciclo de aperto deverá ser mais contracionista do que o utilizado no cenário de referência ao longo do horizonte relevante, o qual previa uma Selic de 12% no primeiro semestre de 2022, de 11,75% no final deste ano e de 8% em 2023.
Anteriormente, o JP Morgan esperava uma Selic de 11,75%, mas as preocupações do Comitê detalhadas na ata, o banco mudou sua previsão e aponta a Selic chegando a 12,25% ao ano em maio
Para Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, a Ata do Copom, foi o que o comunicado da semana passada deveria ter sido: "mais clara sobre a necessidade de termos juros mais altos e por mais tempo até que a convergência da inflação à meta fique mais evidente", diz.
Assim, para Caruso, a comunicação desta terça reforça o cenário de Selic terminal em 12,25% ao ano, a ser atingida em maio deste ano e, novamente, salienta a necessidade de mantê-la nesses níveis por um período prolongado.
"No documento passado, o ponto focal do mercado foi a preferência do Comitê em deixar em aberto os seus próximos passos, o que foi lido como dovish pelos ativos (viés por menos juros). Essa aparente predileção abriu a porta para todo tipo de cenário entre os analistas e parecia reduzir a chance de juros acima de 12,00%. Já hoje, com o espaço adicional para maiores detalhes que a ata traz, a leitura mudou".
Outro ponto que chama atenção, na visão de Caruso, foi a ata incluiu uma passagem que trata indiretamente da intenção do governo e do Congresso de reduzir impostos sobre combustíveis:
“(..) o Comitê nota que mesmo políticas fiscais que tenham efeitos baixistas sobre a inflação no curto prazo podem causar deterioração nos prêmios de risco, aumento das expectativas de inflação e, consequentemente, um efeito altista na inflação prospectiva'. Acertadamente, há uma maior preocupação do Copom com os efeitos adversos da medida do que com eventuais ganhos passageiros com a inflação corrente", afirma.