2023 foi um ano conturbado para o mercado de bancos e nos mostrou cada vez mais o quanto o banco vencedor não pode depender apenas do mercado de crédito.
A fraude da Americanas (AMER3) e outros episódios de recuperação judicial, alinhados a um maior endividamento das famílias no pós-pandemia de COVID-19, fizeram com que o mercado ficasse mais avesso ao risco e aumentasse a régua para a concessão de crédito.
Com o obstáculo, ficou cada vez mais claro que os melhores bancos serão os que trouxerem mais rentabilidade em seus negócios, com qualidade de seus empréstimos, inadimplência controlada, uma vasta gama de produtos e serviços, além de um bom múltiplo com visibilidade de resultados.
Alguns resultados decepcionaram a Nord Research em 2023, enquanto outras oportunidades surgiram, como aponta a analista Giulia Nicola.
O Santander (SANB11) foi um banco que apresentou resultados abaixo do desejado, com a pressão das linhas de pessoas físicas sobre os resultados, avalia ela.
“O desafio do Santander (SANB11) hoje está em seguir a trajetória decrescente de NPL (crédito não produtivo), que começou neste trimestre a mostrar uma mudança de direção e uma diminuição do índice de inadimplência (NPL), apesar de seguir mais elevado, com NPL acima de noventa dias em 3,0% e entre quinze e noventa dias em 4,0%”, comenta.
A analista aponta que o banco tem sido mais seletivo na distribuição de crédito para seus clientes, e vê mais oportunidade no segmento de alta renda (Select).
Com o foco do banco apenas em produtos com garantia e em clientes com melhor perfil de risco, sua margem financeira apresentou uma queda de -1,2%, uma vez que o banco priorizou qualidade em vez de maior retorno (com maior risco) neste momento mais conturbado.
Com um valuation mais caro do que o Banco do Brasil (BBAS3), a 10x lucros, e por apresentar um ROAE abaixo da média dos setor (13,00%), a Nord Research não vê motivos para investir no banco espanhol.
“Recomendamos ficar de fora das ações do Santander (SANB11)”, declara Nicola.