O JPMorgan recentemente revisou suas projeções para o mercado de mineração e siderurgia, trazendo importantes implicações para as ações de empresas como Usiminas (USIM5) e Vale. A revisão incluiu cortes nos preços-alvo de diversas ações, em função de uma expectativa de queda no preço do minério de ferro nos próximos anos.
O destaque negativo ficou com as ações da Usiminas (USIM5), que sofreram um duplo rebaixamento, passando de “compra” para “venda”. Enquanto isso, a Vale (VALE3) continua sendo a preferida do banco, mesmo com a redução de seu preço-alvo.
Queda nos preços do minério de ferro impacta o setor
Com o cenário global de commodities em constante mudança, o JPMorgan ajustou suas previsões para o preço do minério de ferro. O banco espera uma queda de 3% a 5% nas projeções anteriores, com o minério sendo negociado a US$ 110 por tonelada em 2024, US$ 100 em 2025, e US$ 95 em 2026. Essa revisão reflete, principalmente, a menor demanda por aço na China, maior consumidora mundial da commodity, além dos altos estoques de minério acumulados no país.
Esse cenário menos favorável impacta diretamente as empresas latino-americanas, como Usiminas e Vale, que dependem fortemente das vendas de minério de ferro.
USIM5: rebaixamento e impactos no valor de mercado
A revisão do JPMorgan não trouxe boas notícias para a Usiminas. O banco reduziu a recomendação das ações USIM5 de “overweight” (acima da média do mercado, ou recomendação de compra) para “underweight” (abaixo da média do mercado, ou recomendação de venda). O preço-alvo da ação caiu de R$ 11 para R$ 5,50, uma redução de quase 50%.
A justificativa para o rebaixamento inclui o aumento dos custos operacionais da siderúrgica, que não acompanharam o ritmo esperado de redução, além de um mercado de aço ainda pressionado no Brasil. Outro ponto destacado foi a menor receita da Usiminas proveniente das vendas de minério de ferro, já que a empresa também explora a commodity.
Essa notícia teve um impacto direto no mercado: as ações da USIM5 despencaram mais de 7%, sendo negociadas a R$ 5,43 durante o pregão da última segunda-feira (23). Além disso, a queda no preço do minério de ferro naquele dia intensificou a desvalorização das ações da empresa.
Vale: favorita, mesmo com revisão negativa
Apesar do cenário pessimista para o minério de ferro, a Vale (VALE3) continua sendo a escolha preferida do JPMorgan entre as mineradoras. O banco reduziu o preço-alvo da ação de R$ 85 para R$ 77, ainda mantendo um potencial de valorização de 34%. Para os ADRs da empresa, que são negociados na Bolsa de Nova York (NYSE), a expectativa de preço-alvo caiu de US$ 16,50 para US$ 15, mas o potencial de alta segue elevado, em 44%.
Embora o preço-alvo tenha sido cortado, a recomendação da Vale permaneceu como “overweight”, indicando que o banco vê um bom potencial de retorno nas ações, especialmente quando comparadas a outras empresas do setor. O JPMorgan destacou ainda que, apesar das recentes oscilações, a Vale está sendo negociada com desconto em relação a seus pares, o que torna o seu valuation atrativo para investidores.
Perspectivas para outras empresas: CSN e Bradespar
Além da Usiminas e da Vale, o JPMorgan também revisou suas projeções para outras empresas do setor. A CSN (CSNA3) teve sua recomendação mantida como “neutra”, enquanto a CSN Mineração (CMIN3) foi rebaixada para “underweight”, com a remoção da meta de preço-alvo devido às incertezas futuras relacionadas ao preço do minério de ferro.
Por outro lado, a Bradespar (BRAP4) viu seu preço-alvo cair de R$ 27,50 para R$ 24, mas ainda com um potencial de valorização de 31%. O banco apontou que a Bradespar tem uma posição estratégica no setor, e suas ações podem se beneficiar em cenários de valorização do minério.
O que esperar do setor de mineração nos próximos meses?
As revisões do JPMorgan trazem à tona o complexo cenário enfrentado pelo setor de mineração e siderurgia. O impacto das flutuações nos preços do minério de ferro e da demanda global por aço, especialmente na China, será um fator decisivo para o desempenho futuro dessas empresas.
No curto prazo, o banco destacou que a sazonalidade pode levar a uma leve recuperação nos preços do minério, mas essa tendência pode não ser sustentável a longo prazo. As empresas que dependem fortemente da commodity, como a Usiminas, devem enfrentar desafios à medida que os custos operacionais permanecem elevados e a demanda por aço segue fraca.
Por outro lado, empresas mais diversificadas, como a Vale e a CSN, podem ter melhores condições de lidar com essa volatilidade, especialmente se conseguirem ajustar suas operações para otimizar os fluxos de caixa e aproveitar as oportunidades que surgirem no mercado.
O cenário para a USIM5 se mostrou desafiador após a revisão do JPMorgan, refletindo as dificuldades que a Usiminas enfrenta em termos de redução de custos e queda na demanda por aço. Por outro lado, a Vale continua sendo uma forte concorrente no setor, mesmo com a redução de seu preço-alvo.
Com as flutuações nos preços do minério de ferro e as incertezas no mercado global, as empresas de mineração e siderurgia terão que navegar por um caminho complexo nos próximos anos. A diversificação e a eficiência operacional serão essenciais para o sucesso dessas empresas, e os investidores devem ficar atentos às mudanças no cenário macroeconômico para tomar decisões informadas.
FAQs
O que levou o JPMorgan a rebaixar as ações da USIM5?
O rebaixamento ocorreu devido à combinação de altos custos operacionais da Usiminas e à queda nas receitas provenientes das vendas de minério de ferro. Além disso, o mercado de aço no Brasil continua pressionado, o que contribuiu para a revisão negativa.
Por que a Vale continua sendo a preferida do JPMorgan?
Apesar da queda nas projeções de preços do minério de ferro, a Vale continua sendo vista como uma empresa com um valuation atrativo, além de possuir uma operação mais diversificada e eficiente, o que oferece melhor potencial de valorização.
Quais são as expectativas para o preço do minério de ferro nos próximos anos?
O JPMorgan revisou suas previsões e espera que o minério de ferro seja negociado a US$ 110 por tonelada em 2024, US$ 100 em 2025 e US$ 95 em 2026, com base na redução da demanda chinesa e no aumento dos estoques.
Como a revisão de preço afeta a CSN Mineração?
A CSN Mineração foi rebaixada para “underweight” pelo JPMorgan, refletindo as incertezas em torno do desempenho do minério de ferro. A expectativa é de que o preço da commodity puxe os resultados consolidados da empresa para baixo.
A Usiminas pode se recuperar dessa revisão?
A recuperação da Usiminas dependerá de sua capacidade de ajustar os custos operacionais e de melhorias no mercado de aço no Brasil. No entanto, o cenário atual sugere que a empresa enfrentará desafios significativos no curto e médio prazo.
Como a queda nos preços do minério de ferro afeta o setor de mineração?
A queda nos preços afeta diretamente a receita das empresas que dependem da venda de minério, como Usiminas e Vale. Isso pode resultar em menor geração de caixa e pressionar os preços das ações, especialmente para aquelas com maiores custos operacionais.