A partir desta terça-feira, 1º de outubro, a Vale (VALE3) recebe o seu novo presidente: Gustavo Pimenta, de 46 anos.
A decisão foi tomada pelo conselho de administração da mineradora em uma reunião realizada no dia 26 de agosto.
Na ocasião, Pimenta foi eleito por unanimidade, com os votos inclusive da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil (BBAS3).
Inicialmente programado para iniciar seu mandato em janeiro de 2025, Pimenta teve sua posse antecipada em resposta a um conturbado processo de sucessão.
Um processo de sucessão conturbado que culminou em Gustavo Pimenta
O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscou interferir na escolha do novo CEO da mineradora e tentou emplacar o ex-ministro Guido Mantega para a posição, de acordo com veículos de imprensa.
Contudo, a ofensiva não foi bem sucedida, o que gerou uma série de críticas do petista ao desempenho da Vale (VALE3) na gestão de Eduardo Bartolomeo, que ocupou a presidência anteriormente.
O que diz o Poder360 sobre as expectativas da relação entre o governo e a Vale (VALE3)
De acordo com o site Poder360, o Palácio do Planalto busca uma relação mais produtiva com Pimenta, já que a interlocução com Bartolomeo era considerada praticamente inexistente.
Apesar de não ser um nome alinhado diretamente com o governo, Pimenta foi eleito sem oposição significativa, o que foi visto como um bom sinal para o futuro.
Uma boa relação depende de algumas pautas destravadas
De acordo com o veículo, o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) espera que a nova administração de Gustavo Pimenta consiga destravar diversas pautas importantes que ficaram pendentes durante a gestão anterior.
Dentre as principais prioridades estão:
- Mariana: O Planalto espera que a Vale (VALE3), juntamente com a BHP, responsável pela Samarco, aceite a proposta de repactuação da tragédia de Mariana (MG), e estabeleça um montante total de R$ 167,0 bilhões. Do total, R$ 100 bilhões seriam destinados em novos investimentos. Espera-se que o termo de repactuação seja assinado ainda neste ano.
- Ferrovias: O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobra da Vale (VALE3) um pagamento de R$ 25,70 bilhões pela antecipação dos contratos de suas ferrovias, realizada em 2020. O Ministério dos Transportes revisa o cálculo da outorga, que foi considerado errado na época, com o objetivo de chegar a um acordo.
Em que medida a pressão de Lula atrapalha a governança de Vale (VALE3), agora com Pimenta?
O processo de sucessão não foi simples.
A pressão do governo se intensificou com a iminente saída de Bartolomeo, e a mineradora foi taxada de acéfala.
O ministro de Minas e Energia, (MME) Alexandre Silveira (PSD-MG), chegou a criticar publicamente a situação, mas, após a escolha de Pimenta, elogiou a nova liderança da empresa.
A Vale contratou a consultoria internacional Russell Reynolds para assessorar o processo de seleção de seu novo presidente.
Embora Pimenta não estivesse entre os quinze nomes inicialmente sugeridos, o executivo foi eleito por uma lista tríplice que incluía outros dois candidatos do setor.
Trajetória de Gabriel Pimenta
Gustavo Pimenta traz consigo uma vasta experiência acumulada ao longo de mais de 20 anos, atuando em setores financeiros e de energia e mineração.
Antes de assumir a presidência da Vale, foi vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, cargo que ocupou desde 2021.
Pimenta possui um histórico notável, e trabalhou também como CFO global na AES e vice-presidente de Estratégia e M&A no Citigroup em Nova York.
Formado em Economia pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e com mestrado em Finanças e Economia pela FGV (Fundação Getulio Vargas), Pimenta foi considerado uma escolha adequada para liderar a empresa em um novo ciclo.
Com qual estrutura acionária Gustavo Pimenta vai lidar?
A Vale (VALE3) passou por um segundo processo de privatização no governo de Jair Bolsonaro (PL), no qual a participação do governo federal nas ações, de 26,50% , foi reduzida para apenas 8,60%.
Com isso, a mineradora se tornou uma corporation, o que significa que nenhum acionista detém mais de 10% dos papéis.
Os principais sócios atualmente incluem a japonesa Mitsui, a americana BlackRock e a Previ.
Com essa nova configuração, a capacidade do governo de interferir na Vale (VALE3) fora limitada a 12 ações de golden shares, que permitem apenas vetar decisões significativas e indicar membros para o Conselho Fiscal, explica o site Poder360.
Essas participações não oferecem direito a dividendos ou a influência direta na escolha do CEO.
As informações são do site Poder360.