A Vale (VALE3), mineradora brasileira com alcance internacional e uma das maiores do segmento no mundo, recebeu o título de maior produtora do Brasil de minério de ferro, de pelotas e de níquel.
De capital privado, a empresa é listada na bolsa de valores (B3) e caracterizada como corporation, já que tem seu capital diluído e nenhum acionista detém mais de 10% das ações.
Atualmente, cerca de 73,88% das ações da mineradora estão com investidores minoritários; o restante do quadro acionário da companhia é formado pela Previ (Caixa de previdência dos funcionários do Banco do Brasil), com 8,7% dos papéis; seguido da empresa japonesa Mitsui, com 6,3%; logo após a Blackrock, empresa americana de investimentos, e por último a própria tesouraria da Vale, com 5,3% das ações.
Ademais, os papéis da empresa possuem maior peso na composição do Ibovespa, com 14,1603% de ações no índice. Nesse sentido, o desempenho das ações da mineradora influencia no movimento do Ibovespa, puxando o do índice para cima ou para baixo.
“Nos últimos seis meses, o mercado assistiu a uma considerável volatilidade nas ações da Vale. Os papéis saíram da casa dos R$ 62,96 em agosto do ano passado, para algo em torno de R$ 66,50 em fevereiro. Essa variação no preço é derivado de diversos fatores, como, por exemplo, balanço da empresa, compras e negociações e fatores políticos”, comenta Lucas Sharau, sócio partnership da iHUB Investimentos.
A influência de falas e decisões políticas
Em entrevista realizada no último dia 26 de fevereiro, à Rede TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que todas as empresas brasileiras devem seguir o pensamento do governo para o desenvolvimento do país.
“A Vale não pode pensar que ela é a dona do Brasil. Ela não pode pensar que ela pode mais do que o Brasil. Então, o que nós queremos é o seguinte: as empresas brasileiras precisam estar de acordo com aquilo que é o pensamento de desenvolvimento do governo brasileiro. É só isso que nós queremos”, afirmou o chefe do executivo.
A fala do presidente esbarra diretamente no plano do governo de colocar Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e aliado de Lula, na direção da mineradora. O mandato do atual CEO da Vale, Eduardo Bartolomeu, se encerra em maio e o governo sinalizou a tentativa de inserir algum aliado no principal cargo do conselho administrativo da companhia.
A gestão Lula já indicou Dario Durigan, secretário-executivo no Ministério da Fazenda, para o Conselho Fiscal da companhia. O órgão tem menos poderes, sendo responsável pela supervisão de atos e contratação de auditorias independentes da Vale.
“A possível indicação de Mantega havia sido muito mal recepcionada pelo mercado e assim foi com a fala de Lula sobre o controle e diretrizes da companhia. Logo após o posicionamento, vimos uma leve queda de 1,30% ou 1,40%", lembra Sharau.
Além disso, ele comenta que esse resultado confirma o entendimento que o mercado tem sobre essa fala.
"Um entendimento de contrariedade e aversão a uma possível controladoria ligada ou alinhada com discursos políticos. No mercado financeiro, o preço da empresa é pautado principalmente em relação às expectativas que se tem sobre o negócio, sobre a lucratividade do negócio, sobre a sua gestão e sobre o seu futuro”, diz Sharau.
Movimentações e negociações da empresa surtem efeito na ação
A Vale, listada em diversas bolsas ao redor do mundo, mostra-se como um ativo de relevância internacional. Ao considerar o período de 12 meses, a empresa apresentou um dividend yield de 8,89%, configurando-se como um ponto de interesse para investidores em busca de rendimentos periódicos.
No entanto, o desempenho no período também revelou uma depreciação de 13,42% no valor da ação, o que demanda uma análise cuidadosa da relação risco-retorno para investidores de diferentes perfis.
“A Vale é uma empresa que já está bastante descontada, devido a uma série de fatores que a levaram para isso. Ela é uma empresa que deveria valer um pouco mais, as casas de análise hoje precificam um preço justo para a Vale na ordem de R$ 90,00. Há espaço para a empresa, potencial de valorização para o negócio. A Vale tende a pagar bons dividendos, nos últimos 12 meses pagou cerca de 10%, 9,5%”, destaca o assessor de investimentos.
(Informações da Agência Contatto)