A Vale (VALE3) divulgou, nesta quarta-feira, 19 de fevereiro, seus resultados financeiros do quarto trimestre de 2024, e reportou um prejuízo líquido de US$ 694 milhões, atribuível aos acionistas da companhia.
O desempenho contrasta fortemente com o mesmo período de 2023, quando a empresa havia registrado um lucro de US$ 2,418 bilhões.
A queda nos resultados foi impactada por fatores como menores preços de referência do minério de ferro, além de variações cambiais e revisões em suas projeções financeiras.
Apesar disso, a mineradora destacou que cumpriu todas as metas operacionais estabelecidas para o ano.
Expectativas do mercado financeiro para a Vale (VALE3) não se confirmaram
Antes da divulgação do balanço, o consenso LSEG projetava que a Vale (VALE3) apresentaria um lucro líquido de US$ 1,94 bilhão no quarto trimestre de 2024, além de uma receita líquida de US$ 10,106 bilhões e um EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de US$ 3,9550 bilhões.
Entretanto, os números reais ficaram abaixo dessas estimativas, e refletem um cenário mais desafiador no setor de mineração.
Resultados operacionais mostram estabilidade e melhora na eficiência
Os embarques de minério de ferro permaneceram estáveis na comparação trimestral, mas registraram queda de 9,10 milhões de toneladas na comparação anual. A retração foi associada à otimização do portfólio da empresa, que prioriza produtos de maior margem.
Apesar da redução no volume, o prêmio all-in do minério de ferro subiu US$ 2,90/T, ao total de US$ 4,6/T no trimestre.
Já os prêmios de finos de minério de ferro ficaram em US$ 1,0/T, e reverte a performance negativa do terceiro trimestre de 2024, quando estavam em US$ -1,90/T.
O preço médio realizado dos finos de minério de ferro foi de US$ 93,00/T, um aumento de 3,00% na comparação trimestral, mas queda de 21,00% na base de comparação anual, em reflexo aos menores preços de referência do mercado global.
Redução de custos impulsiona competitividade da Vale (VALE3)
O custo caixa C1 – que mede o custo de produção do minério de ferro sem compras de terceiros – caiu 9,00% na comparação trimestral e 10,00% na anual, a US$ 18,8/T, o menor nível registrado desde o primeiro trimestre de 2022.
No consolidado de 2024, o custo caixa C1 foi de US$ 21,8/T, e posicionou-se no limite inferior do guidance da Vale (US$ 21,5-23/t).
Esse resultado foi impulsionado por:
✔ Estabilidade operacional
✔ Iniciativas de eficiência e redução de desperdícios
✔ Depreciação do real frente ao dólar
Já os custos all-in dos metais básicos registraram os seguintes resultados:
- Cobre: US$ 1.098/T (menor custo desde o quarto trimestre de 2020)
- Níquel: US$ 13.8810/T (menor nível desde o primeiro trimestre de 2022)
Ao longo de 2024, os custos all-in médios foram de US$ 2.616/T para cobre e US$ 15.420/T para níquel, dentro das projeções da companhia.
EBITDA e fluxo de caixa foram impactados pelos preços do minério
O EBITDA proforma da Vale (VALE3) atingiu US$ 4,10 bilhões no quarto trimestre de 2024, um crescimento de 9,00% frente ao trimestre anterior, mas uma queda expressiva de 40% na comparação anual.
No acumulado de 2024, o EBITDA proforma foi de US$ 15,4 bilhões, uma redução de 22% em relação ao ano anterior.
O principal fator que impactou esse desempenho foi a queda nos preços do minério de ferro, principal commodity da Vale (VALE3).
O fluxo de caixa livre recorrente da mineradora foi de US$ 817,0 milhões no quarto trimestre de 2024, uma diminuição de US$ 2,2510 bilhões na comparação anual, o que reflete a menor geração de caixa operacional.
A dívida líquida expandida permaneceu estável no trimestre, e encerrou 2024 em US$ 16,50 bilhões.
Vale (VALE3) revê CAPEX para 2025 e traça estratégias financeiras
O CAPEX total da Vale em 2024 foi de US$ 6,0 bilhões, estável na comparação anual.
Entretanto, eficiências de projeto permitiram à empresa revisar sua projeção de investimentos para 2025, que reduziu o guidance de US$ 6,50 bilhões para US$ 5,90 bilhões.
Além disso, a mineradora informou que contratou um hedge adicional de US$ 3,10 bilhões para 2025, a uma taxa fixa de 6,310 BRL:USD.
Com isso, o volume total de proteção cambial da Vale para o ano alcança US$ 5,90 bilhões, o que garante uma cobertura relevante das saídas de caixa projetadas em reais.
Vale (VALE3) aprova distribuição de US$ 1,98 bilhão em dividendos e JCP
O conselho de administração da Vale (VALE3) aprovou a distribuição de US$ 1,984 bilhão em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), com pagamento agendado para março de 2025.
Essa distribuição representa um dividend yield anualizado de 10,4%, e reforça o compromisso da empresa em retornar capital aos seus acionistas, mesmo em um cenário de desafios operacionais e oscilações do mercado global de minério de ferro.
Renovação do programa de recompra de ações
Além da distribuição de dividendos, a Vale (VALE3) anunciou a renovação do seu programa de recompra de ações por mais 18 meses, e permite a aquisição de até 120 milhões de papéis.
O movimento reforça a confiança da administração na valorização da empresa e na geração de valor para os investidores.
A recompra de ações visa principalmente:
✔ Reduzir a quantidade de papéis em circulação
✔ Aumentar a lucratividade por ação (LPA)
✔ Melhorar o retorno aos acionistas no longo prazo
Perspectivas para 2025: eficiência, disciplina financeira e crescimento sustentável são metas da Vale (VALE3)
Apesar do prejuízo registrado no quarto trimestre de 2024, a Vale (VALE3) reafirmou seu compromisso com eficiência operacional, controle de custos e geração de valor para acionistas.
Entre as principais diretrizes para 2025, a companhia destaca:
✔ Otimização do portfólio de minério de ferro, priorizando produtos de maior margem
✔ Redução de custos operacionais para ampliar competitividade
✔ Investimentos em metais estratégicos para a transição energética
✔ Foco na distribuição de proventos e recompra de ações
A empresa segue com o monitoramento do mercado global de commodities para ajustar suas estratégias e garantir sustentabilidade financeira e operacional no longo prazo.