A Mediterranean Shipping Company (MSC), uma das líderes mundiais no setor de transporte marítimo de contêineres, anunciou recentemente a aquisição de 56,5% da Wilson Sons (PORT3), uma operação avaliada em impressionantes R$ 7,70 bilhões.
O negócio foi formalizado por meio da subsidiária SAS Shipping Agencies Services Sàrl e encerra um processo de venda que se estendeu por dezoito meses e atraiu a atenção de diversos investidores.
Como foi concluída a transação?
A MSC vai pagar R$ 17,50 por ação, referente aos 56,00% que pertenciam à Ocean Wilson, uma empresa listada na Bolsa de Londres e que atua em múltiplos setores.
Com essa transação, a Wilson Sons passou a ser avaliada em um enterprise value (EV) de R$ 9,90 bilhões e um equity value de R$ 7,8 bilhões.
O múltiplo de EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para esta aquisição chega a 8,70x, o que se posiciona entre o múltiplo médio de empresas de terminais, que gira em torno de 10,0x, e o de empresas de rebocadores, próximo a 7,50x.
MSC se compromete a pagar dividendos
Como parte do acordo, a MSC se comprometeu a pagar um dividendo trimestral de US$ 22 milhões até a conclusão da transação.
O montante não vai ser descontado do valor final acordado.
Além disso, devido à inclusão da Wilson Sons no Novo Mercado, a MSC vai ter que realizar uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) de tag along, e assim assegurar que todos os demais acionistas tenham a oportunidade de vender suas ações nas mesmas condições.
Como se comportam as ações de Wilson Sons (PORT3)?
Na última sexta-feira, as ações da Wilson Sons fecharam a R$ 17,85, com o preço de compra em um pequeno desconto de 2% em relação ao preço de mercado.
As especulações sobre a venda da companhia já haviam impulsionado as ações nas semanas anteriores, que elevou seu valor por ação de R$ 16 para R$ 17,85.
Em julho do ano passado, antes do início das especulações, as ações eram negociadas a cerca de R$ 10,50.
Aquisição de Wilson Sons (PORT3) simboliza a expansão de MSC no Brasil
A aquisição da Wilson Sons representa uma oportunidade significativa para a MSC expandir suas operações no Brasil.
A empresa já possui 50% do terminal BTP, localizado no porto de Santos, em parceria com a Maersk, além de um terminal em Navegantes, em Santa Catarina (SC).
No total, a MSC possui participações em quarenta e sete terminais em vinte e sete países e uma frota de 850 navios de carga, complementada por cinco aeronaves.
A retomada de negociações
De acordo com o que fontes próximas à transação disseram ao site Brazil Journal, a MSC havia manifestado interesse na Wilson Sons (PORT3) no ano passado, logo após a empresa ser colocada à venda.
No entanto, a companhia optou por focar na aquisição da Santos Brasil.
Com a venda da Santos Brasil para a CMA CGM no mês passado, a MSC retomou as negociações com a Wilson Sons, e superou o interesse do fundo I Squared, que mantinha reuniões por meses.
A rapidez das negociações foi notável, e a MSC assinou o contrato apenas dez dias após o início das conversas, revelou o site Brazil Journal.
O periódico destaca que trata-se de uma operação de “porteira fechada”, uma abordagem incomum no Brasil, onde o comprador assume o risco de não ajustar o preço, mesmo que surjam passivos inesperados no futuro.
A MSC decidiu seguir esse caminho devido à percepção de que a Wilson Sons trata-se de um ativo sólido, com um histórico de resultados positivos.
Desempenho financeiro de Wilson Sons (PORT3)
A Wilson Sons (PORT3) apresenta uma receita líquida de aproximadamente R$ 2,5 bilhões e um EBITDA (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 1,10 bilhão nos últimos doze meses.
A empresa opera em quatro segmentos principais, e o mais significativo deles, o de rebocadores, corresponde a 44% do EBITDA.
Este setor opera pequenas embarcações que auxiliam na atracação de grandes navios nos portos e minimiza riscos de acidentes.
A segunda maior contribuição para o EBITDA da Wilson Sons oriunda de contêineres, representativos de 34%.
A empresa possui dois terminais, um localizado no Rio Grande do Sul (RS) e outro em Salvador (BA).
Além disso, possui 50% da WSut, uma empresa especializada em serviços offshore para o setor de petróleo e gás, que contribui com 15% do EBITDA.
O restante do resultado provém de diversas operações menores, como um estaleiro, uma agência marítima e uma unidade de logística situada em Santo André (SP).
As informações são do site Brazil Journal.