O patrimônio líquido dos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) deve se multiplicar por 6,5 vezes nos próximos seis anos, saindo dos atuais R$ 439 bilhões, registrados em fevereiro deste ano, para R$ 2,8 trilhões em 2030.
A projeção é do estudo elaborado pela Ouro Preto Investimentos, uma das maiores gestoras de fundos deste tipo do Brasil, com cerca de R$ 10 bilhões de AuM. A expectativa é que até o final de 2024 existam 2.702 FIDCs em operação, número que deve subir para 6.249 até 2030.
“O setor financeiro passa por transformações tecnológicas e legais, responsáveis pela transferência das operações de crédito dos bancos para o mercado de capitais”, afirma o CEO João Baptista Peixoto Neto.
O crescimento da desintermediação já vem acontecendo de forma acelerada. Para se ter ideia, entre 2016 e setembro de 2023, a carteira de crédito nas mãos dos bancos cresceu 105,22%. No mesmo espaço de tempo a carteira sob gestão dos FIDCs evoluiu 347%.
Na avaliação de João Peixoto, os bancos perderão importância no mercado de crédito, que passará para as mãos do mercado de capitais em geral, e os FIDCs terão um papel central nessa transformação.
“Está havendo uma revolução porque o crédito está deixando de depender dos bancos, um segmento econômico altamente concentrado, e passando para o mercado de capitais na forma pulverizada, que é uma característica desse mercado, e fruto de centenas ou milhares de iniciativas. Ou seja, o mercado de crédito está se tornando cada vez mais descentralizado, distribuído e especializado. Esse crédito, se for bem estruturado, terá também boas garantias e melhores rentabilidades para os investidores, apesar dos riscos associados a esse processo de desbancarização e pulverização”, afirma.
Além da tecnologia e da legislação, a rentabilidade para os investidores é outro ponto que deve ser considerado na evolução do FIDC. Peixoto lembra que os papéis emitidos por grandes bancos, como CDBs, RDBs, LFs, LCIs ou LCAs são opções de renda fixa que possibilitam às instituições financeiras a captação de recursos oferecendo aos seus clientes rendimentos inferiores à taxa do CDI.
Entretanto, esses papéis estão ficando pouco apetitosos porque os investidores descobriram as plataformas de investimento e, agora, querem ganhar mais do que a taxa básica de juros.