
A auditoria conduzida pelo Banco de Brasília (BRB) (BSLI3) sobre a compra do Banco Master revelou a possibilidade de exclusão de mais R$ 2 bilhões em ativos da operação.
A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo e destaca que esses valores se somam aos R$ 23 bilhões já considerados arriscados e que não seriam incorporados à instituição pública.
Entre os ativos sob revisão estão precatórios — dívidas judiciais que a União, estados ou municípios precisam pagar —, direitos creditórios relacionados a ações judiciais, ações de empresas em situação delicada e uma parte da carteira de crédito do Master.
Segundo a reportagem, as auditorias encontraram até agora cerca de R$ 16 bilhões apenas em precatórios, alguns deles incorporados em FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), o que aumenta a complexidade da avaliação.
A retirada de ativos ruins, portanto, pode ser ainda maior do que o inicialmente previsto.
Valor da compra pode mudar
O balanço mais recente do Banco Master, divulgado
ao mercado na semana passada, apontou um patrimônio líquido de R$ 4,7 bilhões, o que indica que o valor final da transação pode sofrer variações.
Em entrevista ao Money Times, o CEO do BRB, Paulo Henrique Costa, confirmou que as auditorias seguem em andamento e que há margem para ajustes nos números finais, com expectativa de conclusão em 30 dias.
O que está em jogo na operação
A proposta inicial prevê que o BRB adquira 49% das ações ordinárias (com direito a voto) e 100% das ações preferenciais do Banco Master, totalizando 60% do capital da instituição.
Trata-se de uma das maiores aquisições bancárias da história recente do país, o que torna o processo ainda mais sensível e sujeito a ajustes.
No entanto, outras alternativas estão sendo discutidas. Uma delas é a participação do banco BTG Pactual na compra de parte dos ativos, especialmente os ligados a precatórios.
O interesse se concentra em uma ação judicial dos anos 1980, já julgada no TRF-1 e que envolve indenizações do extinto Instituto do Açúcar e do Álcool.
Estima-se que a dívida possa chegar a R$ 14 bilhões, mas ainda não está claro quanto o Master tem direito a receber nesse caso.
BTG nega proposta formal
Apesar das especulações sobre seu envolvimento, o BTG enviou na sexta-feira (5) um comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informando que não realizou due diligence nos ativos do Banco Master e que não apresentou proposta de compra.
Ainda assim, uma terceira hipótese ventilada seria o avanço do BTG sobre os ativos de forma independente, incluindo a operação de crédito consignado do Credcesta, focada em servidores públicos.
Nesse cenário, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) poderia entrar com uma linha de liquidez para garantir os compromissos do Master.