Valor para acionistas

Acionistas da Minerva (BEEF3) podem lucrar até 60% com nova emissão de ações, diz BTG Pactual

A iniciativa, que será votada em assembleia no próximo dia 29 de abril, foi vista pelo BTG Pactual como uma "jogada tática"

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Minerva - BEEF3
Foto: montagem/JC-SM

A Minerva (BEEF3) anunciou uma jogada ousada para reforçar sua estrutura de capital: um aumento de capital de até R$ 2 bilhões, com direito a bônus na forma de warrants e forte apoio dos acionistas controladores.

A iniciativa, que será votada em assembleia no próximo dia 29 de abril, foi vista pelo BTG Pactual como uma “jogada tática” que pode destravar valor significativo para os acionistas – mesmo com a diluição envolvida.

O preço de emissão foi definido em R$ 5,17 por ação, média dos últimos 60 pregões e com desconto de 20% em relação ao fechamento anterior.

A cada duas ações subscritas, os investidores receberão um bônus na forma de warrant – uma espécie de opção de compra com validade de três anos, exercível ao mesmo preço da emissão.

Com isso, se todos os bônus forem exercidos, a injeção de capital pode atingir até R$ 3 bilhões.

“Essa estrutura de capitalização é incomum, mas muito bem pensada. Ela não só atrai o investidor pelo desconto, como também adiciona uma call gratuita com potencial relevante de valorização”, destaca o BTG Pactual.

Diluição com ganho: reforço no caixa melhora lucro por ação

Apesar da possibilidade de diluição expressiva – com a emissão de até 580 milhões de novas ações, o equivalente a 50% do capital atual – o BTG defende que o movimento pode, na verdade, melhorar os lucros por ação (EPS) já a partir de 2026.

“Com a alavancagem atual da Minerva, o custo da dívida consome boa parte do EBITDA. A capitalização traz alívio imediato e melhora os resultados”, explica o banco.

Segundo os analistas, o lucro líquido pode mais que dobrar em 2026, saltando de R$ 272 milhões para R$ 610 milhões em um cenário de captação total, com aumento de 13% no EPS.

Mesmo em cenários mais conservadores – como a captação básica de R$ 1 bilhão ou R$ 2 bilhões sem exercício dos bônus – o lucro por ação ainda subiria entre 6% e 10%.

Três camadas de valor para quem já é acionista

De acordo com o BTG, há pelo menos três fontes de valor embutidas no aumento de capital da Minerva:

  1. O ganho no lucro por ação (EPS), estimado entre R$ 0,41 e R$ 0,82;
  2. O desconto de até R$ 1,25 em relação ao preço de mercado;
  3. O valor embutido do warrant, avaliado pelo banco em R$ 3,57 – o que equivale a R$ 1,79 por nova ação subscrita, já que cada uma dá direito a meia unidade.

“Somando todos esses componentes, estimamos um upside potencial entre R$ 1,41 e R$ 3,83 por ação – o que equivale a um retorno de 22% a 60% sobre o preço de fechamento anterior”, diz o BTG.

Controle reforçado, risco reduzido – mas desafios persistem

Segundo rumores da mídia, o bloco de controle está garantindo R$ 1 bilhão da oferta, sendo R$ 700 milhões da holding VDQ (família fundadora) e R$ 300 milhões do fundo soberano saudita Salic.

Após a diluição, a participação da VDQ subiria de 23% para 29%, enquanto a do Salic cairia de 31% para 23%.

Mesmo com o reforço de caixa, o BTG mantém recomendação neutra para as ações BEEF3, mas elevou seu preço-alvo de R$ 7 para R$ 9. A justificativa? Apesar da melhora no balanço, o banco ainda aguarda “provas mais concretas” de que os ativos adquiridos da Marfrig conseguirão entregar os mais de R$ 1 bilhão de EBITDA esperado – especialmente diante de um ciclo do gado que tende a ser mais desafiador nos próximos anos.

“O risco do balanço claramente diminui, mas ainda vemos pressão no fluxo de caixa nos próximos trimestres. A história agora depende da entrega operacional dos novos ativos”, conclui o BTG.