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Banco do Brasil (BBAS3): o que esperar do balanço do 4º trimestre?

O desempenho da instituição no trimestre vai ser impactado principalmente pela inadimplência do crédito de Agronegócio, diz Genial Investimentos

Informações sobre Banco do Brasil (BBAS3)

O Banco do Brasil (BBAS3) enfrenta um cenário desafiador no quarto trimestre, com expectativa de um lucro líquido de R$ 9,4 bilhões, em projeção calculada pela Genial Investimentos.

Isso representaria uma leve retração de 1,2% em relação ao trimestre anterior (T/T) e uma queda de 0,4% na base de comparação anual (A/A).

Analistas liderados por Eduardo Nishio, head de Finanças e Research da plataforma, acreditam que esse desempenho deve ser impactado por uma elevação da alíquota de imposto sobre o lucro, a resultar em uma queda de 0,8 pontos percentuais (p.p.) no retorno sobre o patrimônio (ROE), a 19,8%.

Na base de comparação anual, a queda do ROE chega a 2,16 p.p. nas projeções.

A maior alíquota de imposto, em relação ao trimestre anterior, deve ser um fator para essa leve retração no lucro líquido do banco, que impacta diretamente o ROE e sua rentabilidade.

A plataforma crê que, apesar do impacto da alta dos impostos, a estrutura defensiva da instituição, que mantém uma sólida base de depósitos em poupança e depósitos judiciais, pode amortecer os efeitos dessa elevação.

Quais são as perspectivas para o Banco do Brasil (BBAS3) em 2025?

Para o ano de 2025, a Genial Investimentos prevê que o Banco do Brasil (BBAS3) deve apresentar uma performance mais resiliente do que seus concorrentes, mesmo diante de um cenário macroeconômico adverso, caracterizado por juros elevados e uma inflação persistente.

Espera-se que o banco siga com um crescimento moderado, mas contínuo, sustentado por três fatores-chave. Confira o que aguarda a Genial Investimentos:

  1. Crescimento da carteira de crédito, com destaque para o Agronegócio: O Banco do Brasil deve registrar um crescimento superior à média do mercado, com destaque para a carteira de crédito voltada ao agronegócio. Embora o setor tenha enfrentado desafios de inadimplência em 2024, existe a projeção de uma melhora gradual ao longo de 2025, impulsionada pela recuperação nas safras e a recuperação das condições econômicas para o setor.
  2. Composição defensiva da carteira de Pessoa Física (PF): A carteira de crédito de pessoa física do banco, que possui 42% de sua composição voltada para crédito consignado, estaria mais protegida contra riscos de inadimplência, pois o crédito consignado tradicionalmente tem sido mais seguro. O público-alvo desses créditos são funcionários públicos, um setor de baixo risco, o que traz maior segurança à qualidade da carteira de crédito.
  3. Estrutura de funding favorável e custo de captação competitivo: O Banco do Brasil se beneficia de uma estrutura de funding sólida, com forte participação de depósitos em poupança e depósitos judiciais. Essa composição reduz o custo de captação de recursos, uma vantagem em um cenário de juros elevados, e desponta como um fator que deve beneficiar as operações da tesouraria, que proporciona um NII (Net Interest Income) Mercado mais robusto que o observado nos concorrentes privados.

Para o ano de 2025, o Banco do Brasil (BBAS3) projeta gerar um lucro líquido de R$ 40 bilhões, um crescimento de 6,10% em relação ao ano anterior. O ROE estimado para o ano chega a 19,70%, com uma leve redução de 0,04 p.p. em relação ao valor registrado em 2024.

Embora o Banco do Brasil seja projetado a ter um desempenho sólido em 2025, alguns desafios permanecem.

  • – Em primeiro lugar, a inadimplência no setor de Agronegócio, uma preocupação no quarto trimestre de 2024, deve continuar como um problema no primeiro semestre de 2025. O alto nível de alavancagem e os desafios de liquidez enfrentados pelos produtores do Centro-Oeste, especialmente os grandes produtores de soja, devem manter o risco elevado até a segunda metade do ano, com uma recuperação mais significativa apenas no segundo semestre.
  • – Outro fator de risco seria a diminuição da contribuição do Banco Patagonia, que deve se desacelerar ao longo de 2025.
  • – Além disso, o superávit positivo da Previ, que tem dado suporte aos lucros do Banco do Brasil (BBAS3), representa um risco caso haja uma reversão nas condições atuariais ou no desempenho dos investimentos, o que poderia impactar a rentabilidade de forma negativa.

O que a Genial Investimentos recomenda aos investidores?

Apesar dos desafios enfrentados pelo Banco do Brasil, a recomendação de Genial Investimentos para as ações do banco (BBAS3) permanece como COMPRA, com um preço-alvo de R$ 40,30, o que representa um potencial de valorização de 37,2% em relação ao preço atual.

De acordo com a plataforma, o valuation do banco segue atrativo, mesmo após uma valorização recente de 23,00% no início de 2025.

O banco negocia múltiplos descontados de 0,88x P/VP para 2024 e 4,2x P/E para 2025, o que reforça a ideia de um preço ainda abaixo do seu valor justo.

Balanço do quarto trimestre deve ser modesto, mas com potencial de melhora na qualidade dos lucros

Para o quarto trimestre, espera-se que o Banco do Brasil apresente um lucro líquido de R$ 9,410 bilhões, uma leve retração de 1,2% T/T e estabilidade na comparação anual (0,4% A/A).

O desempenho da instituição no trimestre vai ser impactado principalmente pela inadimplência do crédito de Agronegócio, que representa cerca de um terço da carteira de crédito do banco, devido ao cenário de liquidez desafiador enfrentado pelos grandes produtores de soja no Centro-Oeste.

A expansão da carteira de crédito, tanto no setor de agronegócio quanto nas carteiras de pessoa física e jurídica, deve sustentar as receitas financeiras de operações de crédito.

Além disso, a elevação da taxa básica de juros Selic pode beneficiar os resultados de tesouraria do banco, com um crescimento da receita de juros proveniente de sua estrutura de funding favorável.

Espera-se uma melhora no lucro operacional, embora uma elevação na alíquota de impostos prejudique o lucro líquido no final do trimestre.

Além disso, espera-se que a tesouraria continue a se beneficiar do ambiente de juros elevados, com a receita de juros do banco em crescimento de 8,0% A/A, a R$ 111,50 bilhões, enquanto as receitas de tarifas devem crescer 6,10 % A/A, a R$ 37,90 bilhões.