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BRF (BRFS3) pode ter desafios no primeiro trimestre, indica BTG Pactual

Os analistas do banco mantêm a recomendação neutra para as ações, com preço-alvo de R$ 25,00

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BRF - BRFS3
Crédito: Víctor Moriyama/Bloomberg

Os resultados do quarto trimestre de 2024 da BRF (BRFS3) trouxeram uma série de variáveis que impactaram o desempenho das ações da empresa. Agora, a expectativa fica para o primeiro trimestre da companhia. Na análise do BTG Pactual, a empresa pode ter um primeiro trimestre desafiador.

Um dos principais fatores que influenciaram os números no 4º tri foi o aumento nos custos trabalhistas. Segundo a administração, esse movimento impulsionou o pagamento de bônus decorrentes do bom desempenho da companhia ao longo do ano.

Segundo a empresa, sem esses bônus, as margens teriam apresentado melhora sequencial. Com essa informação, os investidores ficaram otimistas sobre a continuidade do forte desempenho da BRF no início de 2025.

Projeções para o 1º trimestre exigem cautela

Apesar do otimismo no mercado, os analistas Guilherme Guttilla, Gustavo Fabris e Thiago Duarte adotam uma visão mais cautelosa para o primeiro trimestre de 2025. Além dos bônus, outro fator sazonal que beneficiou a BRF no 4T24 foram as vendas aquecidas no período natalino, que impulsionaram volumes e margens.

Embora parte do aumento de R$ 438 milhões nos custos trabalhistas de um trimestre para outro se refira aos bônus, nem todo esse impacto é pontual, segundo o banco. Por outro lado, a influência positiva das vendas de fim de ano deve se normalizar no início de 2025.

Dessa forma, os analistas consideram que esses dois fatores tendem a se compensar. Assim, o EBITDA ajustado reportado de R$ 2,8 bilhões é um ponto de partida mais adequado para avaliar as perspectivas do 1T25.

Expectativa de queda no EBITDA trimestre a trimestre

Com pressões simultâneas sobre receitas e custos, a projeção é de que a BRF apresente um recuo em seu EBITDA no comparativo trimestral. A expectativa é de um EBITDA de R$ 2,4 bilhões no período, o que representa um crescimento de 14% na comparação anual, mas uma queda de 14% em relação ao trimestre anterior.

Ainda assim, esse resultado configuraria o maior EBITDA já registrado pela BRF em um primeiro trimestre, um feito significativo. Entretanto, há preocupações de que as expectativas do mercado estejam excessivamente otimistas, uma vez que o consenso ainda aposta em um EBITDA anual acima de R$ 10 bilhões. Embora os fundamentos da empresa permaneçam sólidos, a manutenção ou superação das margens do 4T24 ao longo de 2025 é vista como um desafio, segundo o BTG.

É hoje de comprar as ações da BRF?

Diante desse cenário, os analistas atualizaram suas projeções para a BRF em 2025, estimando agora um EBITDA de R$ 9,2 bilhões para o ano, frente aos R$ 8,9 bilhões previstos anteriormente.

Esse valor ainda fica 11% abaixo do consenso do mercado. O preço-alvo das ações é de R$ 25,00, refletindo uma média ponderada entre a metodologia de fluxo de caixa descontado (DCF) e um múltiplo-alvo baseado na estimativa de EBITDA para 2025/26, considerando a natureza pró-cíclica da ação.

A recomendação do banco segue Neutra, com a expectativa de que um ajuste nas projeções do mercado possa melhorar a relação risco-retorno do papel.

Atualmente, a BRF é negociada com um P/E de 14x para 2025 e um rendimento de fluxo de caixa livre de 5%, o que reforça a necessidade de um olhar prudente sobre a performance da empresa nos próximos trimestres.