A Caixa Seguridade (CXSE) anunciou uma provisão significativa relacionada à sua operação de seguro de vida em grupo, estimada em R$ 123,0 milhões para o segundo trimestre.
A medida representa 13,00% do lucro trimestral, 3,00% do lucro anual e 0,30% da capitalização de mercado da empresa.
A falha ocorreu devido à falta de notificação adequada dos óbitos de clientes inadimplentes à subsidiária XS1 ao longo de três anos.
Essa lacuna resultou em uma acumulação de notificações, que levou a provisões para sinistros na XS1 no valor de R$342 milhões.
Além do impacto imediato nos resultados financeiros, o incidente revelou uma subestimação histórica nos níveis de sinistros da XS1.
Após a notificação dos sinistros pela Caixa Econômica Federal, a seguradora possui um prazo de 180 dias para receber os documentos necessários para processar o pagamento dos sinistros, inclusive a certidão de óbito do cliente.
Caso esses documentos não sejam fornecidos dentro do prazo estabelecido, as provisões correspondentes podem ser revertidas pela seguradora.
Se os sinistros tivessem sido notificados sem atraso, a taxa de sinistros de vida em grupo da XS1 poderia ser até 4-5 pontos percentuais maior.
Em 2022, essa taxa teria sido cerca de 26,0%, comparada aos 21,0% reportados.
Para 2023, estima-se um percentual de aproximadamente 22,0% (versus 17,5%), e no primeiro trimestre de 2024, cerca de 16,0% (versus 11,0%).
Apesar das projeções de aumento nos próximos trimestres, existe a expectativa de que a taxa de sinistros do produto se normalize para cerca de 22,0%-23,0%, o que pode resultar em uma leve redução no lucro recorrente em relação às estimativas atuais, aproximadamente 1,0%.
Para outros produtos que exigem notificação de óbito para registrar sinistros, como seguros residenciais e de vida, não se espera um impacto semelhante.
Em casos de inadimplência e retomada de imóveis, verifica-se naturalmente se o proprietário está falecido, enquanto a notificação de óbito em seguros de vida depende da família do segurado, não do banco.
Além disso, o segundo trimestre também deve registrar sinistros relacionados às enchentes no Rio Grande do Sul, principalmente de seguros habitacionais, com um impacto estimado de aproximadamente R$ 40 milhões no lucro trimestral da Caixa Seguridade (4,0% do trimestre e 1,0% do ano).
Desde o início da cobertura das ações de Caixa Seguridade (CXSE3) pelo BTG Pactual, suas ações têm apresentado desempenho inferior ao da concorrente BB Seguridade, com uma queda de 8,0% e 11,0%, respectivamente.
Apesar da atratividade percebida nas atuais condições de mercado financeiro, o BTG Pactual mantém a classificação neutra e preço-alvo de R$ 18,00 para as ações CXSE3, com preferência momentânea pela BB Seguridade (BBSE3).