A Marfrig (MRFG3) apresentou um balanço financeiro acima das expectativas no terceiro trimestre e surpreendeu o mercado com um dividendo extraordinário de R$ 2,5 bilhões, equivalente a um yield de 18%.
Por causa disso, as ações da companhia operam em disparada nesta quinta-feira (14). Por volta das 13:05, os papéis subiam 7,30% a R$ 16,75.
Esse dividendo foi inesperado, especialmente após indicações anteriores da administração de que os recursos da venda parcial de ativos de carne bovina na América Latina seriam usados principalmente para reduzir a dívida.
O BTG Pactual sugere que essa decisão reflete uma visão construtiva da Marfrig em relação aos resultados futuros da BRF, onde detém uma participação significativa.
O desempenho financeiro da Marfrig no 3° trimestre de 2024
No terceiro trimestre, o EBITDA (lucro antes juros) ajustado da Marfrig foi de R$ 897 milhões, algo 15% acima do que era estimado pelo BTG Pactual.
Na América do Norte, a margem EBITDA foi de 2,4%, dentro do esperado. Entretanto, a Marfrig enfrenta o desafio de controlar os custos de gado, que aumentaram nas últimas semanas no Brasil, o que pode pressionar as margens no próximo trimestre.
A empresa terminou o trimestre com uma dívida consolidada de R$ 37,7 bilhões, representando uma alavancagem de 4,9 vezes o EBITDA dos últimos 12 meses.
Após o pagamento dos dividendos em dezembro, a alavancagem ajustada deve se manter em torno de 4,5 vezes, o que, segundo o BTG, limita a capacidade da empresa de reduzir a dívida no curto prazo.
Valor de mercado
O BTG destacou que o valor de mercado da Marfrig, atualmente em R$ 14,1 bilhões, é fortemente influenciado pela valorização da BRF, que possui valor de mercado de R$ 21 bilhões.
Portanto, o desempenho da Marfrig está diretamente ligado ao sucesso de sua participação na BRF.
“Embora o dividendo seja visto como positivo para os acionistas, ele também reduz a capacidade de desalavancagem da empresa no curto prazo”, afirma o BTG.
Dessa forma, o banco mantém uma classificação neutra para as ações da Marfrig, refletindo um equilíbrio entre os dividendos elevados e a necessidade de redução de dívida.