
As ações da Vitru (VTRU3) registram quedas expressivas nesta quarta-feira (26), após a companhia apresentar resultados abaixo do esperado no quarto trimestre de 2024 (4T24). Por volta das 10:40, os papéis caíam 4,20%, cotados a R$ 6,73.
Segundo BTG Pactual, o desempenho da empresa foi marcado por crescimento modesto de receita e pressão sobre as margens.
Apesar disso, o banco manteve a recomendação de “compra” para as ações, com um impressionante potencial de valorização de 260,9% nos próximos 12 meses, considerando um preço-alvo de R$ 24,00.
“Apesar dos desafios, vemos a Vitru como uma oportunidade significativa de valorização, com múltiplos atrativos e um forte potencial de geração de caixa nos próximos anos”, afirmam os analistas do BTG.
Desempenho da Vitru no 4° trimestre
A receita líquida da Vitru alcançou R$ 530 milhões no 4T24, um aumento de 4% em relação ao ano anterior, mas 3% abaixo da projeção do BTG Pactual.
O EBITDA (lucro antes juros e amortizações) ajustado somou R$ 168 milhões, com leve crescimento de 3,5% em relação ao ano anterior, mas ficou 6% abaixo do esperado.
A margem EBITDA ajustada recuou 0,2 pontos percentuais (p.p.) para 31,6% devido ao aumento de 14% no custo de mercadorias vendidas (COGS).
Segundo os analistas do BTG Pactual, “os resultados vieram um pouco abaixo das nossas estimativas, com crescimento fraco de receita e leve compressão da margem EBITDA”.
Eles destacam que o prejuízo antes de impostos de R$ 113 milhões foi impactado por despesas financeiras elevadas, que cresceram 54% em relação ao ano anterior e totalizaram R$ 156 milhões, incluindo taxas de pré-pagamento e reestruturação de dívidas.
Expansão moderada
A Vitru encerrou o trimestre com 825 mil alunos, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior.
Os ingressos em cursos de graduação à distância (DL) cresceram 3,4% no 4T24, enquanto a receita de medicina atingiu R$ 70 milhões, representando 13% do faturamento total.
No entanto, a receita de cursos presenciais (excluindo medicina) caiu 7% a/a, totalizando R$ 42 milhões.
Os analistas pontuam que “o crescimento de novos alunos foi modesto, refletindo um ciclo de captação mais fraco e pouca expansão no ticket médio”.
Endividamento e caixa da Vitru
A geração de caixa livre após investimentos (capex) foi de R$ 95 milhões, um salto em relação aos R$ 5,5 milhões do ano anterior, impulsionado por melhorias no capital de giro.
Contudo, o endividamento líquido aumentou para R$ 2,22 bilhões, elevando a alavancagem para 2,6x o EBITDA ajustado, frente a 2,4x no trimestre anterior.
“Embora a geração de caixa tenha melhorado significativamente, a dívida líquida aumentou devido aos custos de pré-pagamento e reestruturação de passivos”, explicam os analistas do BTG.
Desafios
O BTG Pactual destaca que a Vitru enfrenta riscos crescentes relacionados a possíveis novas regulamentações no setor de ensino à distância, além de maior concorrência e juros elevados.
“Com riscos crescentes em torno de regulações adicionais no ensino digital e um cenário de maior concorrência, aguardamos uma melhor visibilidade antes de nos tornarmos mais construtivos em relação ao case de investimento”, alertam.
Ação atrativa
Apesar dos desafios, o BTG Pactual projeta um lucro líquido ajustado de R$ 350 milhões para 2025 e estima um dividend yield de 5,8%, subindo para 8,4% em 2026.
Os múltiplos de avaliação estão em patamares atrativos, com EV/EBITDA projetado de 4,0x para 2024, reduzindo para 2,6x em 2026.
Assim, o banco acredita que as ações da companhia são uma ótima opção para investidores no médio prazo.