
A Viveo (VVEO3) apresentou “resultados mais fracos do que o esperado e ainda poluídos por diversos efeitos extraordinários” no 4° trimestre de 2024, segundo o BTG Pactual. De acordo com o banco, o que mais preocupa é a alavancagem, que disparou durante o período.
Assim, o BTG manteve a recomendação ‘neutra’ para as ações e destacou que “a falta de visibilidade sobre a geração de caixa e a alta alavancagem seguem como os principais obstáculos para o case de investimento”.
No curto prazo, o banco acredita que “monitorar a agenda de desalavancagem, incluindo potenciais desinvestimentos de ativos, será essencial”.
Segundo o BTG, sem uma redução expressiva da dívida, a recuperação da empresa pode ser limitada.
Por conta dessas preocupações, as ações da companhia operam em livre queda nesta sexta-feira (28). Por volta das 12:20, os papéis caíam 6,62%, cotados a R$ 1,41.
Impacto de ajustes contábeis afeta desempenho operacional
A receita líquida da Viveo atingiu R$ 2,94 bilhões no período, um crescimento modesto de 1% na comparação anual, mas “2,5% abaixo da nossa projeção”, segundo o BTG.
No entanto, o principal impacto veio de ajustes contábeis expressivos, incluindo:
- R$ 348 milhões em impairments relacionados a aquisições passadas;
- R$ 390 milhões em provisões e ajustes fiscais (DIFAL), com R$ 38 milhões afetando o caixa;
- R$ 264 milhões em baixas contábeis de ativos operacionais;
- R$ 19 milhões em despesas extraordinárias, principalmente desligamentos, sendo R$ 12 milhões com efeito em caixa.
Mesmo desconsiderando esses fatores, o desempenho operacional da Viveo foi fraco.
O EBITDA (lucro antes juros e amortizações) ajustado caiu 19% na comparação anual, totalizando R$ 164 milhões, enquanto o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 50 milhões, pior do que a projeção do BTG de “um prejuízo de R$ 16 milhões, devido a maiores despesas financeiras líquidas”.
Alavancagem dispara e balanço preocupa
Além dos desafios operacionais, a estrutura de capital da Viveo segue pressionada.
O fluxo de caixa livre pós-capex foi negativo em R$ 443 milhões, impactado pelo capital de giro. Para mitigar esse efeito, a empresa antecipou recebíveis no valor de R$ 170 milhões.
Mesmo assim, a dívida líquida aumentou R$ 633 milhões no trimestre, elevando a alavancagem para 4,3x dívida líquida/EBITDA nos últimos 12 meses.
O BTG ressaltou que “a companhia teria quebrado seus covenants de dívida caso não tivesse renegociado previamente um waiver com os credores”.
O novo acordo elevou os limites para 5x no 4T24/1T25 e 4,75x para 2T25/3T25.