Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – Para os analistas da XP Investimentos, a Cogna (SA:COGN3) registrou um resultado pressionado pelo processo de reestruturação em curso de sua divisão de negócios de graduação, em um trimestre repleto de eventos não recorrentes.
A companhia apresentou prejuízo líquido de R$ 589,2 milhões no quarto trimestre, revertendo o lucro de R$ 51,6 milhões na base anual e totalizando prejuízo de R$ 907 milhões em 2020.
A receita líquida da companhia ficou em R$ 1,64 bilhão no trimestre, queda de 14,9%, enquanto, no ano, totalizou R$ 5,89 bilhões, queda de 16%.
O EBITDA recorrente ficou negativo em R$ 100,4 milhões nos últimos três meses de 2020, revertendo a marca positiva de R$ 504 milhões um ano antes.
Para a XP, as “dores da reestruturação” ainda serão sentidas durante 2021. Além disso, o cenário macro de curto prazo para o setor permanece nebuloso, especialmente no que diz respeito ao ciclo de captação de 2021, que provavelmente será impactado negativamente pela segunda onda da Covid no Brasil, escrevem.
Assim, reiteraram a recomendação Neutra e preço-alvo de R$ 5,1 por ação.
Goldman Sachs
Já o Goldman Sachs escreveu em outro relatório que a companhia precisou fazer ajustes pontuais devido à adoção de um novo modelo de provisionamento para educação secundária.
Eles apontam que o novo modelo foi implementado com o apoio de uma consultoria estratégica, que analisa vários fatores de risco para um aluno, em vez de apenas olhar para o vencimento de recebíveis, atingindo níveis de precisão de 88%, ou 15 pontos-percentuais acima do modelo anterio.
Isso, junto com critérios mais conservadores para recuperação de contas a receber, levaram a necessários ajustes não monetários pontuais para as provisões, totalizando R$ 415 milhões no trimestre.
Os ajustes foram concluído em 2020 e a Cogna não espera ajustes adicionais à parte daqueles relacionados ao desempenho do modelo.
O provisionamento adicional fez com que a dívida líquida/EBITDA da empresa atingisse 3,23 vezes, superando 3 vezes pelo segundo trimestre alternado.
Embora as cláusulas de dívida não tenham sido violadas (seriam se a alavancagem ultrapassasse 3 vezes por três trimestres alternados ou dois consecutivos, escrevem os analistas), a Cogna iniciará negociações com detentores de dívidas para renegociar certos critérios.
Os analistas do Goldman Sachs mantiveram a recomendação Neutra para a Cogna, com preço-alvo de R$ 6,60.
Perto das 15h39, os papéis eram negociados a R$ 4,09, com alta de 5,96%. A ação acumula alta de 7,75% nos últimos trinta dias e de 3,88% nas últimas 52 semanas.