Investimentos

Como proteger a carteira de investimentos do possível fim do ciclo de cortes da Selic?

Bruce Barbosa, sócio fundador da Nord Investimentos, lista quatro significativas oportunidades para atravessar momento de elevado temor por riscos fiscais no Brasil

Como proteger a carteira de investimentos do possível fim do ciclo de cortes da Selic?

Junto a economistas do mercado financeiro que estiveram com diretores do Banco Central (BC) em reunião na segunda-feira (20), o jornal Valor Econômico obteve a leitura quase unânime entre os presentes sobre uma pausa no ciclo de flexibilização monetária, com a taxa básica de juros mantida em 10,5% a partir da reunião de junho.

“Entre os que avaliaram haver algum espaço para reduções adicionais, houve a ênfase de que esse espaço seria pequeno, o que indicaria apenas um corte adicional de 0,25 ponto percentual no juro básico”, reportou o periódico.

Bruce Barbosa, sócio fundador da Nord Investimentos, pontua que, entre outras consequências, ficamos mais “frágeis” caso algum choque aconteça no mundo.

Ele avalia ser difícil afirmar, mas, em caso de crise, com os juros norte-americanos em patamar elevado, o Brasil poderia sofrer “mais do que países com as contas públicas em dia, com a dívida pública reduzida ou em queda”. No caso, o dólar subiria.

Contudo, para o executivo, o momento de turbulência traz significativas oportunidades. Barbosa recomenda “comprar Bolsa quando a Bolsa cai”. 

“Estamos baratos, pois o mercado já antecipa uma possível crise e deixa o mercado brasileiro a múltiplos baixos (9x lucros)”, afirma. Em um dos planos da plataforma, analistas passaram a adotar as seguintes estratégias no portfólio:

  • – compra de empresas dolarizadas (ou seja, ações que ganham se o dólar sobe);
  • – compra de empresas com baixo endividamento (menor risco);
  • – compra de empresas baratas e com lucros crescentes (o lucro impulsiona a cotação).

 

Para justificar o método, Barbosa relembra que bancos e commodities dominam o Ibovespa (IBOV), “justamente porque essas são as empresas que conseguem crescer forte, mesmo em um ambiente de juros altíssimos”. O executivo afirma ainda ser recomendável comprar empresas nos EUA.

“Se tivermos uma crise fiscal e, cada vez mais, este risco aumenta, ter dinheiro em dólar pode nos dar a oportunidade de comprar Brasil ainda mais barato”, comenta.

Ele relembra que, por lá, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, se prepara para iniciar o corte de juros. “Além disso, as grandes empresas do SPX negociam a múltiplos elevados”, diz.