Expansão do mercado de criptomoedas no Brasil: um em cada cinco brasileiros possui criptoativos, impulsionando a adoção e a regulamentação

O mercado de criptomoedas enfrentou uma alta volatilidade neste final de semana, em resposta ao colapso econômico global que abalou os mercados financeiros internacionais. Mesmo com notícias positivas no setor, especialistas apontam para um futuro incerto, com expectativas de que a volatilidade permaneça elevada até que a situação macroeconômica se estabilize.

Bohan Jiang, chefe de negociação de opções OTC da Abra, afirmou ao The Block que a volatilidade implícita no mercado de criptomoedas deve permanecer alta enquanto o ambiente macroeconômico continuar incerto.

“Espero que a volatilidade implícita seja mantida em um nível elevado nos mercados de criptomoedas até que o lado macro se acalme”, explicou Jiang. Ele acrescentou que muitos participantes do mercado de opções não estavam preparados para o impacto da recente crise macroeconômica.

“Não houve nenhuma demanda por proteção contra quedas no mercado de opções nas últimas semanas”, continuou Jiang. Ele disse que os traders estavam concentrados em potenciais catalisadores de alta.

João Zecchin, sócio e fundador da Fuse Capital e da BRX Finance, destacou que “o que está acontecendo é muito impulsionado pela elevação de juros no Japão”. Ele explicou que o Japão, historicamente, manteve uma taxa de juros zero por muito tempo, mas recentemente aumentou os juros em 25 pontos base, acabando com o chamado “carry trade”.

Nesse contexto, as pessoas se alavancam em moedas japonesas, tomam dinheiro a custos muito baixos ou até mesmo zero, e investem esses recursos em ativos que oferecem retornos maiores. Zecchin enfatizou que “isso afetou todos os mercados, incluindo os mercados emergentes, o mercado de ações e o mercado de criptomoedas”.

Zecchin observou que, nos últimos dias, “sempre à tarde, alguém vinha com uma ordem grande de venda ou algumas ordens de grandeza de venda, e o mercado caía. Podia estar subindo durante o dia, mas sempre caía”. Ele atribui isso a possíveis posições alavancadas em criptomoedas que, uma vez liquidadas, criam um efeito cascata no mercado. “No mundo das criptomoedas, tudo é sempre mais exagerado e mais volátil”, completou.

Porém, Zecchin destacou que “a queda, nesse caso, não tem nada a ver com os fundamentos das criptomoedas”. Ele explicou que, ao procurar por notícias ou fatos relevantes no mundo cripto, não há nada acontecendo. “É 100% impulsionado por uma dinâmica de mercado financeiro que hoje em dia está interligada, mas também tem o lado negativo. Quando há eventos negativos, isso contamina o mercado de criptomoedas, e a volatilidade lá sempre é mais alta”, concluiu Zecchin.

Ruslan Lienkha, chefe de mercados da YouHodler, destacou que a queda no mercado de criptomoedas foi exacerbada pela baixa liquidez durante o fim de semana. “A baixa liquidez durante o fim de semana, quando as instituições estão tipicamente inativas, e as transferências de fundos fiduciários enfrentam dificuldades, inflacionou a queda”, ressaltou Lienkha.

Ela concluiu que após uma queda tão significativa, será possível “ver uma recuperação corretiva no preço do Bitcoin. No entanto, esse aumento provavelmente será limitado devido ao pessimismo predominante nos mercados mais amplos”.

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