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Destaques: tensão na política brasileira e crescimento chinês

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na sexta-feira, 16 de abril

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Por Geoffrey Smith e Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – Investidores brasileiros ficam de olho em uma série de desdobramentos de negociações políticas, como as envolvendo o Orçamento, a elegibilidade do ex-presidente Lula e, mais recentemente, o imbróglio com o ministério do Meio Ambiente e a Polícia Federal.

A China registrou crescimento recorde no primeiro trimestre, mas os números foram ajudados pela base fraca e ficaram aquém das expectativas. Os lucros dos bancos dos EUA continuam a crescer, com o Morgan Stanley (NYSE:MS) (SA:MSBR34) em destaque, após resultados estelares até agora em Wall Street. O CEO da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) diz que todo mundo vai precisar de doses de reforço de sua vacina – possivelmente pelos próximos anos.

Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na sexta-feira, 16 de abril.

1. Política no radar

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira que só Deus pode retirá-lo da cadeira presidencial e afirmou haver algo de "muito errado" no Brasil, ao comentar decisão da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), que deu 5 dias para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), explicar o motivo de não ter analisado pedidos de impeachment contra o chefe do Executivo.

Os principais jornais do país relataram, ao longo desta semana, que as negociações em torno da aprovação do Orçamento ponderam colocar Bolsonaro contra o Congresso ou contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, que vê riscos ao Teto de Gastos caso o atual texto não passe por alterações.

Também ontem, o STF confirmou em plenário a decisão liminar do ministro Edson Fachin de anular condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomadas no âmbito da operação Lava Jato, garantindo ao petista os direitos políticos para concorrer nas eleições presidenciais de 2022.

Alguma atenção também deve ser colocada nos desdobramentos da demissão do superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva), após ele enviar ao STF um pedido de investigação contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

O imbróglio acontece em meio às críticas crescentes da nova administração americana sobre a condução da política de meio ambiente no Brasil, além dos frequentes atritos com autoridades europeias.

2. Crescimento recorde da China decepciona

A China teve um crescimento de 18,3% do Produto Interno Bruto no primeiro trimestre na base anual, por conta da base de comparação fraca em relação a 2020. No entanto, a dinâmica trimestral desacelerou, com o PIB crescendo apenas 0,6% em relação aos três meses anteriores. Ambos os números ficaram ligeiramente abaixo das expectativas.

Já os indicadores mensais vieram amplamente robustos, com as vendas no varejo e o investimento em ativos fixos superando as expectativas ao acompanhar a recuperação da produção industrial.

Com isso, as ações chinesas subiram um pouco durante a madrugada, mas permanecem estagnadas e com tombos tanto na semana como no mês, em meio a preocupações sobre inadimplências no mercado de títulos corporativos.

3. Ações devem abrir mistas; recorde do Nasdaq à vista

Os mercados de ações dos EUA devem abrir mistos após o Dow Jones Industrial Average e o S&P 500 atingirem novos recordes na quinta-feira, em resposta às fortes vendas no varejo e relatórios de pedidos de seguro-desemprego dos EUA.

Às 8h50, os indicadores Dow Jones futuros, S&P 500 futuros e Nasdaq 100 futuros subiam perto de 0,15%. O EWZ, ETF que replica o Ibovespa em Nova York, subia 0,23% na pré-abertura.

O desempenho estelar do Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) e dos braços de banco de investimento de seus rivais nesta semana fazem pressão no Morgan Stanley para igualá-los quando relatar o balanço do primeiro trimestre, antes da abertura.

4. Vacinas de reforço anuais podem ser necessárias, diz CEO da Pfizer

As pessoas podem precisar de uma dose de reforço anual da vacina contra a Covid-19 para manter os níveis de anticorpos, disse o CEO da Pfizer (NYSE:PFE), Albert Bourla, nesta quinta.

Os comentários não são radicais, mas são um lembrete de que a oportunidade comercial para os fabricantes de vacinas se estenderá muito além da fase crítica da pandemia, que parece estar chegando ao fim nos EUA.

Em nível global, porém, as taxas de infecção estão se aproximando de patamares recordes, disse o chefe da Organização Mundial da Saúde, Tedros Ghebreyesus, durante a noite. Isso se deve à disseminação galopante da doença na Índia e em Bangladesh, bem como nas altas taxas de novos casos na América Latina.

Enquanto isso, na Europa, a chanceler alemã Angela Merkel disse que espera ter uma nova lei em vigor até o final da próxima semana, permitindo que o governo federal imponha controles nacionais sobre os negócios e a vida social. Isso ocorre no momento em que os novos casos atingem máximas desde o pico do inverno.

5. Petróleo chega à maior alta em um mês

O petróleo bruto está de volta ao nível mais alto em um mês, com os dados de estoques desta semana se juntando ao aumento do risco geopolítico para sustentar os preços.

As sanções contra a Rússia, delineadas na quinta-feira pelo governo dos EUA, podem não ter sido tão severas quanto alguns temiam – não haverá proibição de manter dívidas do governo russo, por exemplo – mas a tensão ainda é alta, dado o aumento maciço de tropas e blindados russos na fronteira ucraniana.

Enquanto isso, no Oriente Médio, os repetidos lançamentos de mísseis por rebeldes no Iêmen, direcionados à Arábia Saudita, não conseguiram interromper o fluxo de petróleo, mas são um lembrete constante da tensão entre o Ocidente e o Irã, que apoia os rebeldes.

Às 8h54, os futuros do WTI subiam 0,02%, a US$ 63,48 o barril, enquanto os do Brent avançavam 0,16%, a US$ 67,04 o barril.