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Em 4,52%, IPCA de 2020 é o maior em quatro anos; confira análises e projeções

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Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com – A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), terminou 2020 em alta de 4,52%, de acordo com dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (12).

Apesar de estar dentro do intervalo de tolerância, o número ficou acima do centro da meta do Banco Central, de 4%, e representa a maior taxa de inflação em quatro anos. Em 2019, por exemplo, a alta acumulada foi de 4,31%. 

O maior responsável pela alta foi o setor de alimentos, que subiu 14,09%, impulsionado pela depreciação do câmbio, pelos preços das commodities e pela demanda aquecida pelo auxílio emergencial. Os grupos habitação (+5,25%) e artigos de residência (+6%) também foram destaques de alta.

Em dezembro, o IPCA registrou alta de 1,35%, terminando o ano com aceleração sobre o avanço de 0,89% de novembro. O resultado ficou acima das expectativas de consenso compiladas pela Reuters, de alta de 1,21%.

O número também ficou acima da estimativa do Itaú, de 1,24%, e do UBS, de 1,2%, devido principalmente aos setores mais ligados ao câmbio, como alimentos, vestuário e artigos de residência, diz o banco. 

Para 2021, a meta de inflação estabelecida pelo governo é de 3,75%.

As projeções do UBS são de alta de 0,5% mês a mês no IPCA de janeiro, e de 1,2% no primeiro trimestre do ano. Em maio, o banco vê a inflação chegando a 6,4% no acumulado de 12 meses — ou seja, temporariamente acima do topo da meta, de 5,25%. A Elite Investimentos compartilha da mesma opinião, destacando que a taxa deve ficar acima da média durante todo o primeiro semestre.

O Itaú, por sua vez, espera que o IPCA tenha alta de 0,24% em janeiro, 0,41% em fevereiro e 0,24% em março. O banco diz ter revisado para cima seu cenário para o primeiro trimestre levando em consideração as altas recentes nos preços do petróleo e de commodities agrícolas e a depreciação cambial.

No segundo semestre, no entanto, o UBS espera que a inflação acumulada de 12 meses comece a desacelerar devido à remoção dos altos níveis do segundo semestre de 2020, a melhores condições de câmbio e ao início da normalização da Selic, que, na visão do banco, deve chegar ao fim de 2021 em 4%.

Assim, o UBS projeta o IPCA em 3,4% para 2021. O Banco MUFG Brasil, por sua vez, espera que o índice fique em 3,25% para o ano, destacando que a antecipação do reajuste dos preços da energia elétrica para dezembro permite preços mais baixos de energia ao longo deste ano.

O MUFG aponta ainda que, diferentemente da inflação em 2020, que foi mais concentrada nos preços de alimentos, a inflação de 2021 pode ser mais generalizada entre produtos e serviços, seguindo a recuperação econômica. O banco ressalta, no entanto, não ver pressões significativas sobre os preços por causa da fraca demanda doméstica em um momento de condições frágeis do mercado de trabalho e de alta capacidade ociosa na indústria.

Na percepção da Elite, os riscos continuam altos para os dois lados, tanto de deflação quanto de inflação: a primeira possibilidade motivada pelo aumento do hiato do produto, pelo crescimento do desemprego e pelas perspectivas de redução da renda nacional; e a segunda pela alta do IGP-M, pelos juros baixos, pela indefinição sobre as contas públicas e pela demora em implementar a agenda de reformas. 

*Com colaboração da Reuters