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Fundos multimercados registram quedas: o que esperar para o investimento ainda em 2024?

Especialistas não veem ativos com otimismo, dado cenário macroeconômico atual

Fundos multimercados registram quedas: o que esperar para o investimento ainda em 2024?

Os fundos de investimentos registraram captação líquida positiva de R$ 40,1 bilhões no mês de abril, segundo dados da ANBIMA. No ano, o acumulado em volume foi de R$ 150,8 bilhões. Entre os ativos, porém, a classe de fundos multimercados perdeu R$ 12,3 bilhões de recursos, com perda no ano de R$ 41,3 bilhões.

Ana Paula Carvalho, planejadora financeira e sócia da AVG Capital, explica que não só nos últimos meses, mas também nos últimos anos o desempenho dos fundos multimercados frustrou as expectativas do investidor.

"Passamos por cenários adversos nos últimos quatro anos, quando a partir de 2020 passamos por uma pandemia, uma situação que com certeza não estava prevista por economistas, gestores de fundos ou nenhum modelo matemático. Tal crise ocasionou perdas consideráveis em vários fundos diante de tantas incertezas, com a desvalorização no mercado de ações, forte abertura da curva dos juros futuros, aumento dos spreads de crédito nos papéis privados e desvalorização do real", diz.

Ana ainda explica que, no ano seguinte, a inflação passou dos 10%, o que fez com que o Banco Central subisse as taxas de juros ao patamar de dois dígitos, chegando em 2022 a 13,75%. "Além desses fatores, ainda tivemos um ponto muito importante que foi a elevação das taxas de juros nos EUA, impactando negativamente a atratividade de ativos de risco, que inclui os do Brasil", explica.

Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital, concorda que o ano está difícil não só para os fundos multimercado. Segundo ele, dos principais indicadores do mercado, apenas o dólar está superando o CDI. Todas as outras grandes classes, mesmo as de renda fixa, estão tendo rendimentos aquém. 

Para Fonseca, o ano está decepcionante, pois a maioria dos agentes de mercado estavam otimistas de que os juros americanos começariam a cair, impactando nos juros do mundo todo, inclusive no Brasil ,e não foi o que aconteceu.

"O início de corte de juros por parte do FED que o mercado esperava iniciar em março, com dados de inflação e mercado de trabalho ainda resilientes, ficou para o final do ano, e como juros americanos é o principal ativo do mundo, grande parte do capital dos investidores mundo afora continuaram em renda fixa em dólar, deixando de lado ativos de risco", afirma.

Em meio a esse cenário, o economista não vê com otimismo o desempenho da classe de fundos multimercados neste ano. Entre as oportunidades, Fonseca aponta que no geral estão se destacando os multimercados voltados ao mercado internacional.

Isto porque, mesmo em meio a juros mais altos, as bolsas americanas ainda performam bem. S&P500, Doe Jones e Nasdaq sobem 11,18%, 6% e 11,16% no ano. “A subclasse de multimercado que está se destacando é a de investimentos específicos, o que não nos ajuda a tirar nenhuma conclusão, e os voltados ao mercado internacional”.