Depois de dois anos consecutivos de queda nas transações de fusões e aquisições, a expectativa era por um 2024 de retomada gradual nos M&As. Porém, dados preliminares do mercado apontam que o ano deve fechar com o volume de transações parecido com o de 2023, de 1.499 operações.
A estimativa é da Redirection International, empresa especializada em assessoria de M&A. O levantamento considera acordos anunciados ao mercado até outubro. Além disso, também abrange perspectivas da economia brasileira e mundial para os próximos meses, com projeção de crescimento nas atividades em 2025.
“Após o boom de negócios fechados em 2021, tivemos dois anos de redução no volume de deals e, por isso, havia uma grande expectativa do mercado para a retomada em 2024. Mas, apesar de termos alguns indicadores econômicos favoráveis como crescimento do PIB e o baixo índice de desemprego, este cenário não se confirmou”, explica o economista e sócio da Redirection International, Vinícius Oliveira.
Oliveira pontuou que incertezas quanto à política fiscal, o ciclo de alta na taxa de juros e dólar são fatores que têm freado os investimentos.
Segundo um levantamento realizado pelo portal Fusões & Aquisições, nos nove primeiros meses do ano foram registradas 1.096 transações. O valor é 0,5% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, houve um aumento de 21,6% nos valores transacionados no período, chegando a R$ 275,4 bilhões.
A maior queda no volume foi no segmento de pequenas empresas, com 737 negócios fechados, 5% a menos do que no mesmo período de 2023. Já as operações de médio e grande portes tiveram aumento de 10,1% e 22,6% respectivamente, com 359 operações concluídas entre janeiro e outubro.
O que esperar para o mercado de Fusões e Aquisições em 2025?
“Os mega deals e o segmento de Middle-Market estão em um bom momento e têm movimentado alguns setores importantes da economia […] Notamos um potencial sinal de recuperação no volume de transações nos últimos meses e estamos otimistas quanto ao cenário de M&A para 2025”, destaca Vinicius Oliveira.
Os setores que tiveram aumento nas transações de M&A nos nove primeiros meses de 2024 foram o imobiliário, petróleo e gás, shopping centers, publicidade e editoras, e Tecnologia da Informação (TI).
Além disso, os setores de hospitais e análises clínicas (saúde), transportes, serviços empresariais, seguros, indústria química e farmacêutica, registraram as maiores quedas.
“Internamente temos um pipeline ativo de projetos e observamos que apesar das incertezas econômicas, o mercado está enxergando um aumento na velocidade de mandatos sendo realizados. Já em relação aos investimentos estrangeiros, observa-se uma maior atividade de players globais ao longo do ano, isso porque o ‘Risco Brasil’ já está precificado e há uma expectativa para redução de juros nos Estados Unidos na gestão Trump que pode favorecer a atração de investimentos no Brasil. Além disso, os fundos de private equity continuam capitalizados e com apetite para novas aquisições”, conclui Vinícius Oliveira.